Jornada à origem da matéria
Um convite para viajar pelo Paquistão, por suas cores, histórias, sensações e matérias, onde a geologia transforma o mármore Nero Venato.
A origem do Nero Venato é, por si só, uma jornada por milênios da Terra e seus habitantes. A nossa origem e do planeta em que vivemos. O que é o presente senão reflexo do passado? Resultado direto de tudo o que aconteceu em uma longa história de bilhões de anos, que vemos hoje materializada na natureza, nos elementos minerais.
Entre Índia, Afeganistão, Irã e China, um país étnica e geograficamente diverso. Um território que habita o imaginário do Ocidente com alma mística, cores e texturas exóticas. O desconhecido nos atrai. O Paquistão, seus mistérios e sua matéria.
Desertos secos e acidentados a Oeste, o Grande Deserto Indiano a Leste. Um imponente rio que atravessa o planalto tibetano. Planícies férteis, mangues e florestas de coníferas. E, ao Norte, a imponente Cadeia do Himalaia, cenário de sonhos aventureiros.
O Himalaia, a mais alta cadeia montanhosa do mundo, percorre o Norte do Paquistão. Há cerca de uma centena de picos gelados de mais de 7 mil metros de altura, cobertos por neve. Cinco montanhas ultrapassam os 8 mil metros.
Sobre o encontro das placas tectônicas indiana e eurasiática, a região segue geologicamente ativa. A cada ano, o Himalaia cresce 5 milímetros. É como se seu objetivo fosse, realmente, tocar o céu. Fazer a ligação entre a Terra e o infinito. A transformação da matéria ocorre continuamente.
A ampla atividade vulcânica do passado gerou as condições naturais ideais para a criação de reservas minerais, de pedras preciosas, semi-preciosas e mármores. A esmeralda paquistanesa é reconhecida como uma das melhores do mundo, por sua cor e qualidade únicas. E o mármore Nero Venato, conhecido como Black and Gold, foi amplamente adotado na Itália e ganhou o mundo, se tornando sinônimo de luxo.
Batizado pelos italianos de Nero Venato, o mármore paquistanês tem veios brancos e dourados que contrastam intensamente com o preto do fundo. Impressiona a beleza do desenho, que lembra um fio de água correndo sobre a superfície.
A singularidade do Nero Venato é resultado de sua formação, incluindo a composição química do sedimento e a ação de pressão e temperatura recebida pela rocha. Também influenciam na tonalidade e no formato dos veios os eventos climáticos.
É impossível pensar no Nero Venato sem ser automaticamente transportado para a paisagem exótica do Paquistão. Um cenário que, nas décadas de 1960 e 1970, atraiu turistas americanos e europeus que sonhavam em vivenciar a aventura de uma experiência hippie. Eles viajavam por terra em uma longa trilha que liga a Turquia à Índia, atravessando o Paquistão. Ao visualizar a transformação da matéria, esperavam transformar a si mesmos.
Ainda hoje, o Paquistão segue como um destino turístico que habita o imaginário dos ocidentais. Uma viagem de reconexão com as origens da humanidade. A natureza imponente e desafiadora, que tanto instiga os espíritos exploradores. O Himalaia - seja para escalar, ou apenas para admirar a sua grandiosidade.
O Paquistão também oferece pistas dos primórdios da arquitetura. Há ruínas budistas e cidades de 5 mil anos de antigas civilizações. Na região montanhesca do Norte, não faltam fortalezas. A capital cultural do país, Lahore, contém exemplos da arquitetura mongol, como a Mesquita Badshahi, os Jardins de Shalimar e o Forte de Lahore.
Os vales de Hunza e Chitral abrigam uma comunidade animista, pré-islâmica, que reivindica a descendência de Alexandre, O Grande. São resquícios vivos da história da Ásia - portanto, do enredo da humanidade. Basta morder uma doce tâmara para automaticamente viajar por milênios da agricultura.
O passado, seja da atividade humana, ou da atividade geológica, ecoa no presente do Paquistão. Uma terra que já vivenciou inúmeras transformações da matéria e segue em constante evolução. Um refúgio de beleza natural, uma inspiração para a arquitetura contemporânea.
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