O Museu da Casa Brasileira, em São Paulo, é um dos lugares obrigatórios de visitação para quem adora a nossa arquitetura e o nosso design.
Inicialmente chamado de Museu do Mobiliário Artístico e Histórico Brasileiro, a instituição é uma referência nacional e internacional do setor, inclusive promovendo ações como o Prêmio Design MCB.
Neste artigo, vamos passear pela história e pelo acervo do Museu da Casa Brasileira. Venha com a gente!
Como é a história do Museu da Casa Brasileira?
O Museu da Casa Brasileira é o único no país especializado em design e arquitetura. Foi criado em 1970, com o nome de Museu do Mobiliário Artístico e Histórico Brasileiro, vinculado à Secretaria de Cultura do Governo do Estado de São Paulo.
Em 1972, ganhou a sede fixa onde está até hoje: um belíssimo solar neoclássico, construído entre 1942 e 1945, inicialmente para abrigar o ex-prefeito de São Paulo Fábio Silva Prado e sua esposa, Renata Crespi Prado.
O projeto arquitetônico do solar foi desenvolvido por Wladimir Alves de Souza e lembra as linhas do Palácio Imperial de Petrópolis (RJ). O casal viveu na residência por 18 anos.
Com a morte de Fábio e sem herdeiros, a viúva acabou se mudando e, em 1968, doou o imóvel para a Fundação Padre Anchieta, que cedeu o prédio para a Secretaria da Cultura do Governo do Estado de São Paulo.
O solar está localizado em uma área nobre da capital paulista, na antiga Rua Iguatemi, atual Avenida Brigadeiro Faria Lima.
No início, a instituição era dedicada ao estudo das casas e do morar. Em novembro de 1970, o espaço mudou de nome para "Museu da Cultura Paulista — Mobiliário Artístico e Histórico Brasileiro”, com um campo de atuação maior, tornando-se um centro de estudos destinado à pesquisa da evolução da cultura material de São Paulo e do Brasil.
Em 1971, por sugestão do então diretor Ernani da Silva Bruno e com o apoio de conselheiros importantes, como Sérgio Buarque de Holanda, a instituição passou a ser chamada de Museu da Casa Brasileira.
Qual é a importância da instituição?
Ernani da Silva Bruno foi um nome muito importante para o Museu da Casa Brasileira, se empenhando em consolidá-lo como um verdadeiro centro de pesquisas especializado na evolução dos equipamentos das casas brasileiras, bem como seus usos e costumes.
A ampliação do perfil museológico ao longo dos anos permitiu o surgimento de novas propostas e abordagens, com a arquitetura e o design ganhando mais espaço, por meio de exposições temporárias, conferências, premiações e concursos.
Tanto que, em 1986, foi criado o Prêmio Design do Museu da Casa Brasileira — uma das mais conceituadas premiações na área do design de produto do Brasil e, portanto, uma referência importantíssima para profissionais e estudantes.
Desde 1993, o Museu da Casa Brasileira também sedia o Prêmio Jovens Arquitetos, promovido pelo Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB).
Outro projeto interessante criado pela instituição é o Casas do Brasil, que visa preservar a memória sobre a diversidade do morar do brasileiro.
Além das exposições permanentes e temporárias, o Museu da Casa Brasileira conta com uma agenda focada em palestras, debates e publicações que contextualizam sua vocação em relação à arquitetura e ao design, colaborando para a formação do pensamento crítico em vários temas, como habitação, economia criativa, urbanismo, sustentabilidade e mobilidade urbana.
Prêmio MCB
Realizado desde 1986, o Prêmio MCB é um dos mais importantes do setor. É dividido em dois momentos principais: o Concurso do Cartaz e a premiação dos produtos e trabalhos escritos.
O Concurso do Cartaz desafia os participantes de todo o Brasil a criarem a principal peça de divulgação do evento.
Iniciado em 1995, hoje o acervo conta com uma coleção de cartazes que registra parte dos movimentos vividos pelo design gráfico brasileiro.
Na premiação dos produtos e trabalhos escritos, o Museu da Casa Brasileira recebe criações nas categorias construção, transporte, eletroeletrônicos, iluminação, mobiliário, têxteis, trabalhos escritos e utensílios.
Os premiados compõem uma exposição que fica em cartaz na instituição por dois meses.
O que há no acervo?
O acervo do Museu da Casa Brasileira é dividido em arquivístico e museológico.
Acervo arquivístico
É composto pelo fichário dos Equipamentos da Casa Brasileira — Arquivo Ernani da Silva Bruno, com 28 mil fichas com relatos de viajantes, literatura ficcional, inventários de famílias e testamentos que revelam hábitos culturais.
A ferramenta oferece um panorama sobre a casa brasileira ao longo de quatro séculos. É possível pesquisar esse acervo online, buscando diferentes temas, como móveis, alimentação, anexos das casas, iluminação, decoração, higiene, instrumentos de castigo, brinquedos e muitos outros.
Acervo museológico
É composto por duas exposições de longa duração.
A Remanescentes da Mata Atlântica & Acervo MCB apresenta painéis fotográficos e textuais que correlacionam várias tipologias de madeiras do acervo Museu da Casa Brasileira às diversas espécies nativas da Mata Atlântica.
A exposição foi aberta ao público em 2017 e tem curadoria do botânico Ricardo Cardim. Traz peças do acervo da instituição elaboradas com madeiras que estão praticamente extintas. Os visitantes podem, assim, conhecer a exuberância primitiva da vegetação brasileira.
A outra exposição de longa duração é Casa e Cidade — Coleção Crespi-Prado, que mostra o uso residencial do imóvel que hoje abriga o museu. É composta de obras que pertencem à Fundação Crespi-Prado e estão em comodato desde 2011, com fotografias, móveis e objetos que revelam os hábitos do antigo casal.
Outro ponto de destaque dessa exposição é a coleção das obras de artistas modernistas, como Di Cavalcanti, Portinari e Brecheret.
Além de vários móveis que datam do século XVII até o final do século XX, objetos (como os utensílios em cobre vindos do ateliê do pintor Pedro Alexandrino) e alguns itens icônicos da nossa cultura, como a poltrona Mole, de Sérgio Rodrigues; as cadeiras Paulistano, de Paulo Mendes da Rocha; a cadeira Girafa, de Lina Bo Bardi, Marcelo Ferraz e Marcelo Suzuki; e o Bar Z 10-8, de José Zanine Caldas.
Vale ressaltar que todo o acervo exposto está disponível ao toque dos visitantes, que devem usar luvas de polietileno de baixa densidade que não prejudicam a percepção do tato.
Ainda existem materiais de apoio, como miniaturas dos objetos expostos, pranchas sensoriais com os detalhes da arquitetura do prédio, réplicas, jogos educativos e uma maquete do solar.
Também há uma apresentação da instituição em braille e educadores fluentes em inglês e francês para os visitantes internacionais. Ou seja, todos são muito bem-vindos.
Além das exposições permanentes, o museu abre espaço para mostras temporárias ligadas ao design e à arquitetura.
Há ainda inúmeras atividades de extensão educacional e apresentações musicais gratuitas.
Como visitar o Museu da Casa Brasileira?
O Museu da Casa Brasileira está localizado na Avenida Brigadeiro Faria Lima, 2705, e funciona de terça-feira a domingo, das 10 às 18h.
O ingresso é gratuito às terças-feiras. Nos demais dias, a entrada inteira custa R$ 15 e a meia entrada custa R$ 7,50.
Crianças de até 10 anos e idosos a partir de 60 anos não pagam, bem como os públicos que agendam visitas com o Serviço Educativo da instituição.
Devido à pandemia, o Museu da Casa Brasileira exige que todos os visitantes usem máscaras e sigam os protocolos sanitários vigentes.
E então, gostou de conhecer o Museu da Casa Brasileira? Aproveite para visitar conosco o Museu da Língua Portuguesa, também em São Paulo, que está novamente de portas abertas após o incêndio de 2015!
Foto de destaque: O Museu da Casa Brasileira é referência nacional e internacional dos setores de arquitetura e design. Visitação é obrigatória para quem deseja saber mais sobre a história do morar do brasileiro (Foto: Giovanna MB)