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Arquitetura para além do design

Taís Marchetti Bonetti, Giovani Bonetti e Luiz Fernando Zanoni, sócios na MarchettiBonetti+ (Foto: divulgação)

No campo da arquitetura, o tempo é uma medida que favorece os profissionais. Quanto mais experiência acumulada, melhor esse escritório se torna e ficam mais evidentes em sua produção os conceitos e valores que norteiam o pensamento arquitetônico. Referência em Santa Catarina, o escritório Marchetti Bonetti+ é exemplo de uma trajetória sólida construída em 26 anos, completados em 2020, cuja atuação parte da ideia de uma arquitetura para além do design, inserida no contexto urbano e contribuindo para a qualificação de espaços públicos e privados.

“Acreditamos que a arquitetura e o urbanismo são imprescindíveis para a qualidade de vida das cidades, as edificações contribuem para o desenho e a paisagem das cidades. O planejamento urbano, inclusivo, conectado com o cidadão é a base”, acreditam os sócios Giovani Bonetti, Taís Marchetti Bonetti e Luiz Fernando Zanoni.  

O percurso do escritório nessas duas décadas revela o dinamismo do casal Giovani e Tais, sempre atentos ao movimento do setor, participando ativamente de entidades de classe, núcleos segmentados, mostras de decoração, publicações, construindo conexões e repertório e moldando o que são hoje. Uma trajetória consistente edificada com entusiasmo e paixão pela arquitetura. Em 2019, MarchettiBonetti+ fundiu com o Studio Archdesign, do arquiteto Zanoni, que passou a ser sócio somando ao time de 20 profissionais.

Projeto Villa Sabbia (Foto: Mariana Boro)

No tempo e compasso

O escritório atua nas áreas de arquitetura residencial, de interiores e comercial. “Nossa produção deve sempre ter muita responsabilidade com o que buscamos de resultados. Isto para qualquer escala e contexto”, diz Giovani Bonetti. No espaço público, os projetos de intervenções têm como foco a perenidade já que farão parte do contexto da cidade por muito tempo. “Projetos públicos devem estar associados também ao planejamento urbano e às necessidades do cidadão, seja o projeto de uma praça, de uma escola ou de um grande equipamento como um parque com marina”, reforça o arquiteto. O princípio é o mesmo na esfera privada, atender o cliente em suas necessidades e desejos, levando em conta o respeito ao ambiente e proporcionando gentilezas urbanas.

Projeto do Restaurante Santinho (Fotos: Rô Reitz)

“Nossos clientes são nosso patrimônio”. Essa frase resume bem o respeito e a visão do time da MarchettiBonetti+ em relação aos clientes. Dois clientes foram fundamentais nesse percurso, oferecendo diferentes oportunidades e experiências de projetos, contribuindo para um crescente desenvolvimento dos arquitetos. Um deles foi a Portobello, empresa que teve grande relevância na construção dessa trajetória contratando Giovani e Taís ainda jovens para os projetos de identidade da marca nos estandes nacionais e internacionais para as feiras dais quais participavam. Ainda hoje a dupla e o sócio Luiz Fernando Zanoni estão conectados à empresa, desenvolvendo vários projetos para a rede de lojas da Portobello Shop em todo o país.

O outro projeto que abriu novos horizontes foi a participação no empreendimento Cidade Pedra Branca, em Palhoça.  O escritório integrou o amplo time que participou do projeto de estudo urbanístico, implantação e arquitetura do conceito de novo urbanismo. O case nacional foi pioneiro no Brasil e América Latina na adoção de critérios como unir moradias, comércio, serviços, lazer, trabalho e educação, a distâncias confortáveis para serem percorridas a pé ou de bicicleta. Entre os prêmios recebidos destaca-se o de Urbanismo, da Bienal de Buenos Aires em 2007, do Financial Times de Londres em 2008 e o convite em 2009 pela Fundação Bill Clinton, para integrar o programa de Clima Positivo.

“Tudo foi no seu tempo e compasso”, afirma Bonetti, referindo-se ao ritmo de amadurecimento do escritório, com portfólio variado construído ao longo dos anos, algo conquistado somente com o tempo, essa medida subjetiva que nos traz a ideia de presente, passado e futuro.

Em fluxo

No início, como em geral se dá com os jovens arquitetos, eles iniciaram com projetos de interiores, pequenos projetos de arquitetura residencial e execução de obras. A participação em mostras de decoração como a Casa Arte, em 1995 – a mostra foi pioneira em Florianópolis -, Casa Nova, Casa & Cia, Casa Cor contribuíram para a divulgação do trabalho da dupla. Mais do que isso, revelou um escritório conectado com o fluxo do mercado, as tendências e mudanças, e, ainda, entendedor da importância da divulgação do próprio trabalho e do olhar do outro. 

“Surgiram novas oportunidades e enfrentamos novas escalas e tipologias de trabalho”, conta Giovani, citando a conquista de alguns prêmios e divulgação de projetos em publicações regionais e nacionais, que impulsionaram a carreira e ajudaram para o reconhecimento do escritório. 

Mercadoteca de Curitiba (Foto: Rô Reitz)

Entre os prêmios, em 2007, em conjunto com oito escritórios de Santa Catarina, o Marchetti Bonetti+ foi premiado na Bienal de Arquitetura de Buenos Aires com o Projeto Pedra Branca Urbanismo Sustentável. Constam no portfólio, ainda, Prêmio AsBEA/SC com o restaurante Kampai e Mercadoteca Curitiba; Prêmio NCD (Núcleo Catarinense de Decoração) com a Casa Pátio e a Casa Beton; Prêmio Organ Krell com a Casa Premier, entre outros.

A Casa Beton atendeu ao desejo do cliente em ter uma casa com referência às casas modernas brasileiras, por isso o uso de concreto como principal material de concepção do projeto. Vidro e esquadrias na cor preta completam a materialidade do projeto (Foto: Ronaldo Azambuja)
O projeto da Casa Pátio teve como premissa voltar a edificação para a parte interna do terreno, preservando a privacidade. Foram criados pátios delimitados por painéis móveis de madeira que, além de privacidade, valoriza os visuais para o mar, em Florianópolis. A referência é a arquitetura moderna brasileira com abordagem contemporânea. São utilizados materiais que reforçam esta linguagem como o concreto, o vidro e a madeira (Foto: Ronaldo Azambuja)

O arquiteto ressalta, no entanto, a dificuldade e os desafios do começo da carreira em um país onde não há a cultura e a prática da realização de concursos públicos de arquitetura que colaboram para inserir os jovens profissionais no mercado.

ARK7

Em 2014, da união da Marchetti Bonetti + com a Jobim Carlevaro Rotolo surge a escritório ARK7 focado no desenvolvimento de projetos urbanos e de edifícios, comprometidos com itens como a eficiência dos edifícios, em qualquer escala, e o desenho urbano. “Quando montamos o Ark7, que é um escritório independente, deixamos de trabalhar com estas duas pautas na MarchettiBonetti+”, explica. 

A sólida trajetória dos dois escritórios permitiu a criação de uma equipe eficiente e o desenvolvimento dos projetos em BIM. Entre os prêmios do ARK7 está o reconhecimento da AsBEA/SC e Prefeitura Municipal de Florianópolis para o projeto do Parque Marina Beiramar, e Prêmio AsBEA/SC para o Edifício Multiuso Posto Jóia, entre outros.

Participam dos ARK7 os sócios: arquitetos Adriano Kremer, Giovani Bonetti, Leandro Rotolo, Marcos Jobim, Silvana Carlevaro Jobim e Tais Marchetti Bonetti.

Sócios ARK7: arquitetos Leandro Rotolo, Giovani Bonetti e Tais Marchetti Bonetti, Silvana Carlevaro Jobim, Marcos Jobim e Adriano Kremer (Foto: divulgação/ MarchettiBonetti+)

Portfólio

São quase 4 milhões de metros quadrados construídos ao longo de mais de duas décadas, com obras em diferentes escalas e desenho que fazem referência à arquitetura moderna brasileira das décadas de 1950 e 1960. A volumetria, não raras vezes, apresenta grandes planos, blocos e eixos, linhas retas, brises, ora de madeira, ora metálicos, concreto aparente nas fachadas e elementos modernos como janelas em fita, pilotis, terraço jardim e planta livre. O desenho e o uso dos materiais atendem ao partido da elegância e da funcionalidade.

No portfólio destacam-se em Florianópolis o Hotel Sofitel (hoje Novohotel), o Parador P12, as lojas da Portobello Shop, a Mercadoteca (em Florianópolis e Curitiba), Escola Dinâmica, residências particulares e projetos de grandes empreendimentos em parcerias com construtoras.

Escola Dinâmica (Foto: Ronaldo Azambuja)

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