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A evolução arquitetônica dos maiores aeroportos do mundo

Em Setembro de 2019, o Aeroporto Internacional de Beijing abriu suas portas quebrando todos os recordes possíveis no segmento da aviação. O projeto assinado pela iraquiana Zaha Hadid custou nada mais nada menos que 17 bilhões de dólares. Estamos falando de quase 750.000 metros quadrados atrelados à expectativa de mais de 100 milhões de passageiros até o ano 2040.

A China não está sozinha nesse tipo de investimento. Singapura transformou seu Changi Airport em uma atração turística com brilho próprio e o aeroporto de Dubai, um dos mais movimentados do planeta com nada mais nada menos que 90 milhões de visitantes anuais, tornou-se um programaço para a família toda. 

Já vimos construções ambiciosas atreladas a grandes nomes da arquitetura no passado. Renzo Piano em Osaka, Richard Rogers em Londres, Norman Foster em Hong Kong, Eero Saarinen aqui em Nova York e a lista continua. Com isso dito, ninguém imaginava que, em tão pouco tempo, os aeroportos assumissem status de parques de diversão e grandes shopping malls. 

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Terminal 3, no Aeroporto de Dubai, é o maior terminal aeroportuário do mundo (Foto: dubaiairports.ae)

Parte do motivo por trás dessa mudança está ligada a transformações na indústria da aviação. Com o crescimento da população mundial e, consequentemente, o aumento do número de passageiros, surgiu a necessidade de se criar novas companhias aéreas para que a demanda gerada por essa indústria fosse suprida. Essa competição reduziu o preço das passagens e, assim, deu um boost na quantidade de pessoas viajando de avião no mundo todo. Na última década, o número de passageiros dobrou, ou seja, hoje em dia estamos falando de mais de 4 bilhões de pessoas voando mundo afora. 

O aspecto comercial vinculado a este segmento é um tanto quanto recente. Nos anos 1940s, um comerciante chamado Brendon O'Regan sugeriu que lojas dentro de aeroportos fossem vistas como o varejo dentro de navios - em outras palavras, desprovidas de impostos. A primeira tentativa empreendida por ele foi no aeroporto Shannon, na Irlanda, um dos mais movimentados da Europa naquela época devido à proximidade dos Estados Unidos. O teste foi um sucesso e assim nasceu o famoso Duty Free

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Novo Duty Free Dufry, localizado no Aeroporto Internacional de Brasília (Projeto: Studio Brava)

Atualmente, passamos por uma crise no setor varejista graças à praticidade das compras online. Por essas e outras, a gente vê centenas de lojas de rua fechando as portas, no entanto, por incrível que pareça, o comércio dentro de aeroportos vem crescendo em proporções galopantes. Em meros quinze anos, o lucro dos duty free triplicaram, chegando a mais de 70 bilhões de dólares só em 2018. 

Marcas como Moncler, Estée Lauder, Rolex, Johnny Walker e a brasileiríssima Osklen hoje em dia entendem o investimento certeiro que está por trás dessas construções megalomaníacas.

Além do aspecto comercial, aeroportos luxuosos também se tornaram sinônimo de poder. Dentre os projetos arquitetônicos mais extravagantes dos próximos anos estão aeroportos na Arábia Saudita, Turquia, Rússia, Estados Unidos e, você acertou, na China. 

A influência chinesa é um fenômeno sem freios. Hoje, eles são responsáveis por um terço do mercado de luxo e quase 20% do turismo global. Graças a eles, criadores de grandes aeroportos investem pesado em design moderno, praças de alimentação repletas de opções asiáticas, grandes salas de videogames e até jardins de inverno repletos de plantas e flores tipicamente chinesas. 

Na terra, no céu ou no mar, o futuro com certeza será escrito em Mandarim.

Jornalista Pedro Andrade aproveita para relaxar enquanto aguarda voo aéreo (foto: arquivo pessoal)

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Foto de destaque: Aeroporto de Pequim (projeto de Zaha Hadid; foto de Hufton + Crow)

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