Sim, é exatamente o que o título diz. O jardim é a grande estrela do projeto de reforma do meu apartamento, em um edifício de 1958.
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Sempre quis morar em uma cobertura em São Paulo, pois acho magnífico o skyline dos prédios, a força que a cidade me transmite. Mas, claro, sou apaixonado por natureza, verde por todos os lados, então o jardim precisava ser o ponto de partida para o bem-estar ideal.
Para isso, minha busca sempre foi por uma cobertura linear, tudo no mesmo andar, sem escadas. Quando encontrei esse apartamento com uma varanda de 1,80m de largura por 16m de comprimento, imediatamente visualizei o projeto pronto, a luz natural entrando por todos os lados, as portas de vidro me conectando com a cidade no horizonte, passando pelo jardim floresta que seria feito ali.
Se você leu minha coluna do mês passado, viu que mostrei o apartamento do Alexandre Disaro. Moramos juntos, mas separados. O que nos une é o jardim. Quando retiramos a mureta que separava as varandas dos dois imóveis, nossos jardins juntos totalizaram 21m de jardim linear.
Esse se tornou o nosso bosque, a nossa praça, a nossa aliança, o nosso ponto de encontro diário.
Para valorizar ainda mais as plantas, projetei o mesmo porcelanato no piso e na mureta para ampliar o ambiente. A escolha não poderia ser mais perfeita: Posto 12, criação do Oskar Metsavaht para Portobello, que trouxe a sensação real de estarmos passeando pelas pedras de um caminho pela floresta.
O uso no piso e na mureta do porcelanato no formato 120x120cm trouxe continuidade suave e poucas emendas, proporcionando uma harmonia contínua, que convida à interação da parte interna com a externa.
No paisagismo, basicamente escolhemos folhagens verdes, árvores frutíferas e o contraste do cinza com vasos todos na cor terracota. Tivemos também o cuidado de fazer um jardim sinuoso, para proporcionar um caminhar mais natural entre as plantas e, acredite, muitas vezes não podamos os galhos que invadem o caminho, justamente para podermos nos abaixar ao passar, tocando as folhas, sentindo a presença, como aconteceria na natureza.
A escolha dos mobiliários foi muito bem pensada. Eu queria uma mistura de design, garimpo e histórias. Para as memórias afetivas recentes, escolhi uma poltrona de madeira vinda da Indonésia. Para as memórias afetivas de infância, escolhi as cadeiras de ferro como as que tinham na casa da minha avó. E para representar o amor pelo design, a escolha foram as poltronas Loop de Willy Guhll, de 1960.
Assim, de forma linear, o jardim se tornou a nossa quarta parede, sempre presente no dia a dia e composto por quatro quadros diferentes, formados com composições únicas, um a cada porta, cada um se conectado com o ambiente à sua frente: sala, mesa de jantar, escritório e quarto.
Hoje posso dizer que moro em uma casa nas alturas, com jardim dos sonhos, de verdade.
Projeto paisagismo: @cate_poli_paisagismo
Plantas: @spagnholplantas