Cheguei em Copenhague, na Dinamarca. Estou aqui para acompanhar o 28º Congresso Mundial de Arquitetos (organizado pela UIA – União Internacional de Arquitetos) e vou compartilhar com vocês os highlights do evento. Começo esta cobertura falando sobre uma interessante palestra que assisti na manhã de 4 de julho, intitulada Cities for People - 50 Years Later, com o dinamarquês Jan Gehl.
Jan Gehl debate urbanismo com os colegas Rob Adams e Camilla Van Deurs. Rob Adams: “Minha neta diz que tudo o que eu faço são calçadas largas e plantar árvores. E se isso é que eu posso fazer, estou satisfeito” (Fotos: divulgação UIA)
Jan Gehl é arquiteto com relevância bastante grande no contexto mundial e, desde a década de 1960, faz parte de uma rede de pensadores sobre a questão dos espaços públicos. Ele é professor da Universidade de Copenhague e instigou o poder público local a repensar e fazer transformações no centro da cidade, criando áreas de lazer e praças onde antes existiam estacionamentos. Partiu de Gehl o mindset dinamarquês que vemos hoje: esta grande virtude de qualificar cada vez mais os espaços públicos para os cidadãos terem mais qualidade de vida.
A palestra girou em torno da importância de haver espaços públicos de qualidade nas cidades – o que contribui para a saúde das pessoas. Gehl também ressaltou como, atualmente, a Dinamarca tem um dos sistemas cicloviários mais extensos do mundo e também um dos mais seguros. Dizem por aqui que as ciclovias devem ser seguras tanto para uma criança de 10 anos quanto para uma pessoa de 90 anos. Isso faz com que ampliem e qualifiquem cada vez mais o sistema cicloviário.
Vale destacar que este sistema cicloviário não se concentra só na área central da capital, mas também se estende por longas distâncias, mais ou menos como se fossem "autopistas de bicicletas", que garantem a interligação entre os municípios da grande Copenhague.
O resultado é que em Copenhague 65% da população se locomove só de bicicleta no verão. E, no inverno, 45% das pessoas mantêm o uso das bikes, seja com frio, neve ou chuva. Então, isso fez com que a cidade parasse de girar em torno do automóvel e se voltasse para as bicicletas e pedestres. Para completar, Copenhague é muito plana, o que ajuda bastante nesse sentido. Estes são apenas alguns dos exemplos de iniciativas que tornam a cidade mais saudável, tanto para o corpo como para a mente das pessoas.
Sigo por aqui acompanhando as novidades e discussões. Em breve trago mais notícias!