Há anos ambientes integrados ganharam força no Brasil. Com a pandemia, o interesse pela integração só aumentou. Entre os motivos, aparecem a busca por espaço e aumento do convívio familiar. As pessoas também querem ambientes para desfrutar momentos de lazer. De fato, esse layout pode colaborar nessas questões, mas quais seriam os problemas causados pela falta de divisórias fixas?
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Essa dúvida foi levada para a arquiteta paulistana Andréa Gonzaga. Segundo a profissional, antes de considerar integração, é preciso analisar a fase de vida do morador e as reais necessidades para unir sala de jantar e cozinha, por exemplo.
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Formada em Arquitetura e Urbanismo pela Mackenzie, Andrea tem escritório em Moema, bairro da capital paulista, onde coordena projetos de arquitetura e interiores residenciais e comerciais. Ela especifica na Portobello Shop D&D.
Seu interesse pela arquitetura começou ainda nova, enquanto acompanhava obras em investimentos imobiliários de seu pai. Na escola, após um teste vocacional apontar interesse em cálculos e arte, ela tomou a decisão. Já na faculdade, teve professores renomados, como Carlos Bratke (1942 -2017), um dos transformadores da Avenida Engenheiro Luís Carlos Berrini, também na capital.
Por meio de seu escritório, aberto antes mesmo de se formar, no final dos anos 1980, acompanha as mudanças no morar brasileiro e viu o interesse por integração ganhar força, o que atribui a diferentes motivos. “Hoje, tem sempre alguém na família que gosta de cozinhar e quer ficar integrado”, disse. “Começou nas grandes cidades, por problema de espaço mesmo, porque o metro quadrado ficou muito caro, as unidades ficam menores e você questiona para que uma parede, quando poderia ter uma sensação de espaço maior”, reflete.
Outro fator é tecnológico. Com surgimento de coifas de alta vazão, acabamentos e revestimentos de diferentes estilos, de simples limpeza e manutenção, por exemplo, a escolha pela integração ficou mais fácil, apesar de ainda demandar muitos recursos.
Confira, a seguir, os prós e contras dos ambientes integrados:
Por que ter um ambiente integrado?
“Você tem espaços maiores, que proporcionam uma sensação muito mais gostosa. Uma sala, por exemplo, se está integrada com a cozinha, o ambiente é maior”, disse Andrea.
Ela conta que as cozinhas são espaços de convívio, e hoje há mais interesse das pessoas em cozinhar em casa. “Se coloca até churrasqueira em apartamento”, lembra. “Tem a integração da família, é muito gostoso cozinhar vendo todo mundo”.
Outro ponto positivo é a versatilidade de ambientes integrados. Com a instalação de uma porta de correr, uma sala de jantar vira um amplo salão com múltiplas funções, ótimo para receber amigos.
“E com a porta você vai poder ter momentos com isolamento”, disse. "Às vezes, por causa do tamanho da casa, com funcionário e crianças, em alguns momentos da evolução da família, será necessário o ambiente fechado”.
Andrea conta que houve um avanço na área de marcenaria e diferentes aparatos que permitem que essas portas de correr não criem obstáculos no piso, por exemplo. O mesmo ocorre com revestimentos, que também deverão fazer parte de um projeto de integração. Afinal, o mesmo piso da área de cozinha, servirá para a sala, em muitos casos. Ela cita, como exemplo, os que interpretam mármore.
“Ele leva a sofisticação de um material que você usava na sala para a cozinha também”, disse.
Desvantagens dos ambientes integrados
Uma das maiores desvantagens do ambiente integrado é a perda de privacidade. “Cheiro se resolve com tecnologia”, pontua Andrea. “Mas muitas vezes você tem que isolar a cozinha porque vai ligar um liquidificador. Ou usar a panela de pressão. Se você não trabalhar com mobiliário para ter esses momentos de isolamento na integração, não vai funcionar”.
Ela pontua que esses aparatos tecnológicos, que podem amenizar os problemas na integração, como o cheiro de alimentos, ainda são caros no Brasil. “Você precisa ter boa qualidade de exaustão e das portas de correr para ter momentos de privacidade, e vai ter que usar materiais de acabamentos que tenham beleza, tenham cara de sala, além de um acabamento refinado de fácil manutenção”.
Outro ponto importante, principalmente em integração em sacadas, é considerar o isolamento térmico, como cortina e películas para o vidro.
“O vidro permite maior passagem de som, calor e luz que a alvenaria, portanto tem que ter produtos nele para isolar, senão vai sobrecarregar o ar condicionado, o ambiente vai ficar quente”, alerta. “Hoje, existem películas de alta eficiência que cortam 70% de UVA e UVB e não queimam o mobiliário e seguram o calor”.
Ela faz essa precaução justamente pelo mobiliário exposto a amplas janelas não ser adequado para áreas externas, em muitos casos, mas de uso interno. “É preciso esse tipo de proteção, ter esses cuidados”.
“Precisa de um profissional para fazer integração”, conclui. “Integração é legal quando tem projeto pensado, com soluções técnicas envolvidas. Precisa de obra, precisa ligação com projeto de interiores, que seja definido onde vai ficar sofá, cadeira, mesa. Aí você terá uma casa bem resolvida, com conforto”, conclui.