Quando um arquiteto recebe um briefing de projeto que tem como missão promover mais conforto aos beneficiários de um local, aos colaboradores e à comunidade em geral, com boas práticas sustentáveis e inovação tecnológica, tudo fica ainda mais prazeroso para criar e executar a obra. Essa situação aconteceu com o escritório paulista Verzino Arquitetura, comandado pela CEO e arquiteta Cibeli Bagnato.
Ela recebeu o convite do Grupo São Cristóvão Saúde para projetar o Instituto de Ensino e Pesquisa Maria Patrocínia Pereira Ventura, conhecido como IEP Dona Cica, localizado no Alto da Mooca (SP). A obra foi inaugurada recentemente, no começo deste mês de maio. Cibeli foi a responsável pelo projeto, que também contou com o envolvimento de uma grande equipe de profissionais.
IEP Dona Cica é uma homenagem à mãe do presidente e CEO do grupo, engenheiro Valdir Pereira Ventura. Ela acreditava no poder do conhecimento e da educação como fonte de sabedoria e crescimento pessoal. O instituto fomenta pesquisas na área da saúde e promove ensino para qualificação profissional. Faz parte do Grupo São Cristóvão Saúde, que este ano completará 110 anos de existência.
Detalhes do projeto
A inovação foi a base do projeto arquitetônico, com materiais e tecnologias de ponta, incluindo diversas novidades do setor. O edifício possui 2.500 m², distribuídos em cinco pavimentos. A arquiteta Cibeli conta os detalhes da obra, a seguir.
Pavimento térreo - foi idealizado como um ambiente de boas-vindas e de convivência. O seu amplo espaço com painéis iluminados e raios de luzes carregam a identidade da área. Possui um memorial interativo e dinâmico, para enaltecer a história do Grupo São Cristóvão e Dona Cica, mostrando sua evolução através das telas interativas e documentos históricos. Já para o auditório foi pensado um ambiente de impacto, moderno e automatizado, desenvolvido em parceria com uma equipe especializada em acústica e luminotécnica.
Primeiro andar - é o cartão de visitas do projeto. Consiste no pavimento de ensino e pesquisa, com layout interativo que possibilita a integração e a troca de conhecimento entre as pessoas. As salas de aulas foram concebidas com divisórias retráteis possibilitando a amplitude das salas. Um espaço com movimento, lúdico, ergonômico e tecnológico.
Segundo andar - ambiente elegante e acolhedor, desenvolvido para receber a diretoria e presidência do grupo. "Assim como em todo o projeto, esse andar contou com a participação significativa do CEO do grupo Valdir Ventura. Levando em consideração o legado e sua herança, a mesa triangular tornou-se o partido projetual do pavimento, sendo refletido no desenho de piso com porcelanatos Portobello, forro e iluminação da tela tensionada. Outro ponto marcante neste pavimento são as esculturas em referência ao Santo São Cristóvão, imagem padroeira do hospital", ressalta Cibeli.
Cobertura - criada para receber convidados de forma social e acolhedora. Nela foi idealizada uma área para convivência totalmente equipada com mobiliários modernos, confortáveis e receptivos.
Subsolo - a equipe do projeto pensou em um ambiente iluminado e confortável para os colaboradores do setor administrativo.
O edifício é composto por painéis retroiluminados, iluminação de telas de polímero tensionadas e biombos compostos de painéis resinados e suspensos. Na automação: iluminação dimerizável, sistema touch screen, sensor de presença, som de alta qualidade e sistema para videoconferência.
A sustentabilidade também está presente por meio do sistema de captação de água pluvial. Conta ainda com sistema de climatização composto por uma central de água gelada com oito módulos no formato chiller, gerando menor consumo de energia elétrica, e o gás refrigerante utilizado é o R410a, que não agride a camada de ozônio.
Design Portobello
Para revestimentos, a escolha foi o design sustentável da Portobello, que decorou praticamente todos os pisos do instituto. "Pensamos em materiais mais nobres, como o Beige Versailles e o City Fendi, polidos, nos ambientes de recepção e diretoria, criando um impacto visual e uma paginação para compor com os demais itens de cada espaço. No pavimento 1, por se tratar de um ambiente lúdico com bastante informações e cores, optamos por utilizar dois materiais homogêneos e ideais ao alto tráfego, o Mineral Portland e o Mineral Tortora", explica.
O porcelanato que interpreta a madeira não poderia ficar de fora. Para Cibeli Bagnato, Araucaria Touch cria ambientes mais aconchegantes. Os pisos do subsolo, da cobertura e ainda o lambri nas paredes ganharam esse revestimento. Nos banheiros ele compõe a paginação com o Pietra di Firenze.
Inclusive, esse revestimento inspirado no limestone extraído dos montes próximos à Firenze é um dos preferidos da equipe de arquitetura. "Sempre utilizamos esse material nos nossos projetos, principalmente nas áreas de serviços e banheiros. Criando uma paginação com o Araucária Touch, fica muito interessante o resultado!", afirma Cibeli.
Porcelanatos claros e escuros também foram mesclados para compor o décor. O Mineral Black e o marmorizado Oro Bianco, ambos polidos, foram aplicados no pavimento térreo e na cobertura, que são os espaços mais acessados pelo público. Segundo a arquiteta, os revestimentos deram um efeito sofisticado ao local.
Desafios da obra
Mas nem tudo são flores na execução de uma obra, não é mesmo? Sempre tem um desafio que serve tanto para aprimorar a experiência, como para colocar na bagagem de histórias de obras dos escritórios de arquitetura. Para Cibeli, neste projeto não foi apenas um, mas vários, desde a concepção até o final da obra. Ela conta para o Archtrends que a proposta se iniciou com a ideia de reforma de uma casa de 250 m² para ampliação do instituto, que acabou se transformando em um edifício multidisciplinar de 2.500 m²!
"Cada andar tinha sua peculiaridade e necessidade. Tivemos que criar espaços diferentes, mas mantendo as principais características entre eles. Além disso, tivemos outro desafio durante a construção, devido ao sistema construtivo, que é misto, tivemos que ir em busca de materiais diferenciados e inovadores e utilização de alta tecnologia em todos ambientes. No final, concluímos um projeto bastante rico em informações e detalhes", afirma.
E história inusitada para contar? É claro que ela tem. Lembra do partido projetual do andar da presidência? Ele foi desenvolvido com base em uma mesa de mármore rosa triangular de 5x5x7 m. Para Cibeli, isso foi um superdesafio, pois a mesa estava instalada na antiga sala da presidência e a solução foi cortá-la e içá-la pelo átrio. "Foi um trabalho minucioso, pois além de tudo era uma herança histórica, trazida da Itália há mais de 50 anos!", conta.
Diante de tanta experiência e desafios enfrentados, com conclusões de projetos incríveis, a arquiteta deixa a dica para os futuros profissionais: "estejam sempre atentos às principais tendências do mercado. Colha todas as informações necessárias para o desenvolvimento do projeto. E o mais importante, sempre tenha a sensibilidade de entender as necessidades dos clientes", sugere.
Perfil da arquiteta
Cibeli Bagnato Boihagian nasceu na cidade de São Carlos (SP) e reside atualmente na capital paulista. Formou-se em Arquitetura pela Universidade de Guarulhos no ano de 1987. A arquiteta é a CEO do escritório Verzino Arquitetura, localizado no bairro Alto da Mooca, na zona leste de São Paulo. Por meio de um conceito humanizado, o escritório cria ambientes amplos e acolhedores, para que auxilie no bem-estar e cura dos seus usuários.