O Dia dos Pais celebra homens que criaram seus filhos com respeito, amor e dedicação, ensinando bons valores e incentivando seu crescimento. As lições aprendidas na infância são levadas por toda a vida. Mesmo na fase adulta, a presença e os conselhos do pai seguem valiosos. Alguns dos profissionais de arquitetura do Coletivo Criativo Portobello têm lindas relações com seus pais. Para celebrar a data, eles compartilham como seus pais os inspiraram, pessoal e profissionalmente.
Isabella Rebello – Montes Claros, MG
Fábio Rebello, meu pai. Sempre respirei design através do meu pai. O seu bom gosto nato o colocava a fazer coisas ousadas para a sua época, sempre à frente do seu tempo.
Construiu sua bela casa sem muros, de concreto, pedras e vidro, no estilo modernista da década de 1960, com a ajuda dos irmãos arquitetos. Os revestimentos internos seguem atuais: lambris de madeira, paredes ripadas, painéis retráteis que se dobram fazendo a integração da sala de jantar com a grande sala de visitas em dias de festa.
Paredes internas sempre revestidas, ora de madeira, ora de mármore. Elementos como o fulgê e o azulejo português revestiam a circulação dos quartos e a sala de tv. Minha mãe reclamava que a casa não tinha paredes para as suas obras de arte!
Os lustres tão modernos e tão atuais até hoje. As portas de fórmica branca que batiam no teto. Um grande banheiro de azulejos portugueses para os seus seis filhos.
O mobiliário brasileiro era assinado pelos designers Sergio Rodrigues e Carlos Motta. De fora, trouxe as poltronas Bertoia, as cadeiras Formiga e a mesa de centro Barcelona. Essas peças icônicas conviviam muito bem com os móveis assinados por ele mesmo, exímio desenhista, que projetou e executou vários móveis com madeira jacarandá da fazenda.
Sempre respirei design através do meu pai. Sem uma única aula ele me ensinou a paixão pelo desenho e pelo design. Meu pai é engenheiro agrônomo, portanto bom entendedor em todas as artes e ofícios.
Obrigada papai, por tanta sensibilidade e, principalmente, por construir quem eu sou!
Vagner Scheffer – Xangri-lá, RS
Meu pai, Mário Flores de Medeiros, conhecido como Marinho, vem de uma família extremamente pobre, de mais de dez irmãos. Meu avô faleceu muito cedo e ele era um dos filhos mais velhos, acabou gerindo a família. O que hoje se chama empreender, há 50 anos meu pai chamava de sobreviver. Ele sempre teve de empreender para ter dinheiro.
Eu sou filho de um construtor. Trabalhei em obra como servente, meia-colher, pedreiro, azulejista. Depois sai para fazer faculdade. Eu fiz o caminho inverso: sai da obra, fui para a faculdade e hoje trabalho com arquitetura acompanhando obra.
Quando estamos estudando, somos o futuro da nação. Mas quando nos formamos, entramos na lista de desempregados. Eu lembro que me formei em arquitetura e fiquei na varanda de casa sem saber o que fazer por um, dois, três dias. Até que meu pai indagou por que eu tanto olhava para o horizonte. Eu respondi que não queria trabalhar para os outros. Daí ele me deu um conselho, com toda sua experiência e veia empreendedora: “abra o teu escritório!”.
Eu achava impossível, ninguém me conhecia, eu não conhecia ninguém, não estava inserido no mercado, não tinha portfólio. Ele me respondeu que então eu não tinha nada a perder, só me faltava coragem. Com esse empurrãozinho, eu abri o escritório e estou até hoje trabalhando, vivendo exclusivamente de arquitetura, graças a Deus e ao conselho do meu pai.
Elaine Zanon – Curitiba, PR
Almir Zanon, meu pai, sempre foi inspirador, um homem de muito trabalho, seriedade e dedicação. Com o tempo, quanto mais ele foi envelhecendo, cada vez mais ele ficou suave. Ficou de bem com a vida, piadista, nunca falava mal de ninguém. A cada dia que passava, ele ficava mais tranquilo, mais leve. Ele soube envelhecer com dignidade, de forma inspiradora.
Karen Mazzo – Cascavel, PR
Meu pai é uma das pessoas mais criativas que eu conheci na vida. É uma pessoa autêntica, nunca copiou ninguém. É nato dele. Sempre fez caricatura, contava histórias inusitadas, dava vida aos brinquedos.
Mizael Mazzo é uma pessoa mais dura, sério, centrado. Mas quando está com filhos, sobrinhos e netos, se torna uma criança, a gente rola no chão. Provavelmente ele dê tanto valor a isso porque perdeu o próprio pai muito jovem e eles nunca foram próximos. Para nós ele é um super pai! Cozinha, cuida quando estamos doentes, faz tudo para nós. Valoriza a família, o tempo com as crianças.
Meu pai me ensinou a ver beleza nas coisas simples da vida, em passarinhos e borboletas. Sempre ajudou bichos machucados, ensinando esse carinho às crianças. Nós vemos a natureza como família.
Essa foto que eu estou forçando o sorriso nele representa muito meu pai. Ele sempre faz um sorriso falso nas fotos, para parecer mais duro. Mas por trás da máscara de sério, ele tem um coração bem mole.