Como não cair na armadilha do fast homeware
Certamente, você já ouviu falar pelo menos uma vez sobre a indústria do fast fashion e os seus impactos ambientais - este é um assunto que fez e faz muito parte da minha vida, mas precisamos pensar também no impacto que outros segmentos de bens de consumo trazem para o planeta. É o caso do setor de decoração. Este mês, li uma ótima matéria da newsletter SIGNALS sobre o assunto. No artigo, o editor João Rodolfo traz ao centro da conversa o mercado de fast homeware.
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Com a pandemia, a casa ganhou um lugar de destaque nas nossas vidas, e também nas redes sociais. Quem não compartilhou pelo menos uma foto de um cantinho da decoração de casa, que atire a primeira pedra. Segundo pesquisa realizada pela Nuvem Shop, o setor de e-commerce de decoração teve um crescimento de 300% entre 2019 e 2021. Neste cenário, redes sociais como Tik Tok, Pinterest e Instagram ocupam um lugar de inspiração e influência. Uma pesquisa do Ibope em 2020 mostrou que 43% dos entrevistados afirmaram ter visto vídeos de tutoriais de decoração online.
Em meio a esse hype, a procura por itens de decoração virais cresceu bastante - na matéria da SIGNALS, Rodolfo faz um paralelo com o fenômeno de look do dia, que também ajudou e ainda ajuda a disseminar microtendências de acessórios do vestuário. Você deve ter visto alguns itens que bombaram na internet nesses últimos dois anos: velas coloridas, espelhos com molduras orgânicas e tapetes felpudos são alguns exemplos.
Investir na decoração da casa é realmente uma delícia, o problema está no consumo desenfreado de objetos pensados para atender a uma necessidade imediata, que não necessariamente prezam pela durabilidade, qualidade e respeito aos processos de produção. Uma pesquisa realizada no Reino Unido mostrou que ⅓ dos adultos jogam fora seus móveis em vez de reciclá-los ou reutilizá-los. Dados da prefeitura de São Paulo apontam que 56 toneladas de estofados abandonados são recolhidos em apenas um mês.
O descarte incorreto de itens de mobiliário e decoração pode acontecer por diversos motivos, mas os principais estão no desconhecimento das formas corretas de descarte, e também nas poucas iniciativas massivas de reaproveitamento e reciclagem, que não dão conta da demanda de itens que vão parar no lixo. De acordo com o Ipea, apenas 13% dos resíduos sólidos no Brasil são reciclados.
Mas se o problema tem uma natureza complexa, as ações em prol de um consumo de decoração mais sustentável também precisam ser variadas e diversas, envolvendo marcas, profissionais da área e consumidores. Vem ver algumas alternativas que já estão em ação:
- Revenda itens de decoração
Revender móveis não é tão simples quanto revender roupas e calçados, já que envolve uma logística maior de transporte. Porém, já existem opções focadas apenas no setor de mobiliário. A Mobly lançou a plataforma Mobly Usados, que intermedia a compra e venda de móveis usados, retirando-os na casa de quem vende e entregando na casa do novo dono. Plataformas de itens variados como Enjoei, OLX e Já Vendeu também são boas opções com alcance nacional.
- Reuso através da doação
A doação é sempre um caminho para aumentar a vida útil de móveis que ainda estão em bom estado de conservação. Instituições como o Exército da Salvação (nacional), Lalec (SP), Gerando Falcões (SP), AFece (Curitiba), APAE (Salvador) são algumas opções.
- Procure locais de descarte correto
A Ecoassist é uma empresa especializada no descarte correto de móveis, eletrodomésticos e eletrônicos; no site da Ecycle, é possível encontrar diversas opções de locais para fazer o descarte correto encaminhado para reciclagem.
- Vai comprar? Garimpe!
Na hora de comprar um item para a casa, vale sempre priorizar a compra de itens usados - que além de serem mais sustentáveis, ganham uma dose de história e personalidade. O Jardim Velharia e o Garimpo na Casa são excelentes lugares com acervo de peças únicas. Procure também por feiras de rua na sua cidade. E que tal promover uma feira de troca com amigos e familiares?
- Pense na compra
Se for comprar itens novos, procure saber mais sobre a marca e seus meios de produção. Verifique a procedência da matéria-prima, a cadeia de profissionais envolvidos e as ações de transparência da empresa. E a dica master é: Assim como na moda, microtendências acontecem o tempo todo no universo da arquitetura e design de interiores. Por isso, compre objetos que realmente conversem com sua personalidade e necessidade - independentemente de eles estarem ~na moda~ ou não 🙂
Crédito: signalstrendforecast.substack.com e tiktok.com/@signals___