Fascinada pela essência da estamparia e, acima de tudo, pela brasilidade, Bárbara Penaforte é designer de moda formada em Recife. Foi em São Paulo, porém, que mergulhou de cabeça no design de superfície através dos muitos cursos e oficinas do SESC Pompeia, ministrados pelo mestre Celso Lima. Longe da cidade natal, a ligação com as raízes da cultura popular se fortaleceu e direcionou seu trabalho para temas, formas e cores que representam suas origens.
A habilidade para o desenho de moda foi usada para aprofundar o conhecimento sobre as estampas, que começaram a ganhar vida na área têxtil e seguiram para o universo das porcelanas. Na visão da designer de superfície, o link entre moda, design e até arquitetura (por que não?) é natural e necessário. “É quando um padrão que foi aplicado na concepção de uma roupa pode ocupar os diversos espaços. Uma estampa não se limita só a um produto de moda, mas pode ser explorada num papel de parede, azulejo, cerâmica, porcelana etc”, afirma ela, que desenvolveu criações cheias de cor e alegria nas coleções “Cores de Tarsila” e “Frutas Brasileiras”. Estampas de Bárbara Penaforte em porcelanas (Foto: arquivo pessoal) Inspirações nas frutas brasileiras (Foto: arquivo pessoal)
Parte da nova coleção In & Out/Movimento, lançada na Expo Revestir 2018, a linha Fineart, a qual incorpora a armadura de “fios” de algodão entrelaçados e quadrados de carpete em azulejos, é apresentada a Bárbara Penaforte, que avalia: “Penso que os revestimentos nos ambientes remetem à personalidade, à história e às referências culturais de quem mora naquele espaço. Tecidos em geral, especialmente em algodão, remetem às origens, à busca pelos materiais naturais e valorizam a natureza, além de trazerem ao ambiente uma sensação de conforto e aconchego”. Segundo a profissional, atualmente, o resgate da história das casas e de seus moradores é uma tendência, seja através de objetos, móveis ou revestimentos.
Apesar de defender a estampa em diferentes formatos, Penaforte aponta a necessidade de se observar particularidades ao elaborar padrões para cada segmento. “No vestuário, por exemplo, é preciso pensar como a estampa será utilizada, pois, dependendo de como será a modelagem, o corte da roupa, entre outros itens a serem considerados, a estampa poderá se ‘comportar’ de várias formas. O designer deve sempre entender qual será a finalidade do produto que será desenvolvido, pois é, a partir dessa função, que ele saberá qual caminho seguir”, comenta.
A imersão profunda na temática que originará a estampa também faz parte da fase de pré-produção. “Quando desenvolvi a estampa inspirada no artista Di Cavalcanti, observei temas frequentes pintados pelo artista, as formas que ele retratava as figuras, a sua linguagem, a paleta de cores utilizadas, bem como outros elementos, fazendo assim uma análise do universo pictórico que envolve sua obra”, explica Bárbara, que complementa: “Gosto muito de uma técnica chamada découpe, em que utilizo papéis coloridos e faço recortes para realizar minhas estampas. Essa técnica me inspira muito e deixa o processo criativo divertido e leve”. Alguém duvida?