Conheça o trabalho do fotógrafo paulista que vê com outros olhos as antigas construções
“Por gostar de arquitetura, sempre observei as construções enquanto caminhava na rua. Porém, uma construção velha, com a pintura e acabamentos desgastados, muitas vezes toda desfigurada de seu original, não atrai muito os olhares de quem passa na rua”, é com essa declaração do fotógrafo Gabriel Rosa, que iniciamos a nossa conversa. Nascido no interior paulista, em 2010 o profissional decidiu investir toda sua energia na arte das imagens e nos benefícios que ela pode trazer às pessoas. Quatro anos mais tarde, criou o perfil @arq.esquecida no Instagram.
Apaixonado pela fotografia de arquitetura, Gabriel conta que sempre observava com carinho as construções enquanto caminhava pelas ruas. O desafio, no entanto, era criar conteúdo para dar visibilidade à essas construções e trazer à tona a discussão da preservação arquitetônica como forma de resgatar a memória e a história que cada uma carrega. Extremamente focado naquilo que faz, o profissional se divide entre produção de vídeos e a busca por imagens perfeitas. “Sou apaixonado por fotografia de arquitetura, esse é o tipo de trabalho que mais gosto de realizar. Mas foi apenas em 2018 que consegui me focar e postar uma foto por dia”, pontua.
Para que o projeto saísse do papel de forma definitiva, Gabriel Rosa uniu fotografia de arquitetura e fotojornalismo documental. Inicialmente, o receio da falta de segurança foi um dos maiores empecilhos. Sair com uma câmera fotográfica na mão, especialmente, em São Paulo, era um ato tanto quanto corajoso. Além disso, tratar as fotos para depois publicá-las tomava bastante tempo. A saída foi fazer uso do próprio celular e do aplicativo de edição que o aparelho possui.
No entanto, o conceito não era – e não é – ser saudosista. Ele esclarece que a proposta é ressignificar os estilos arquitetônicos que, por serem antigos, acabaram por se tornar obsoletos, desnecessários e substituíveis. As construções art deco e modernistas são uma admiração pessoal de Gabriel, talvez pela obsessão por linhas retas e simetria, como ele mesmo faz questão de dizer.
A página é composta em sua maioria por admiradores de arquitetura, pelo fato de o espaço contar a história de cada casa ou edifício, por exemplo. As construções mais antigas, do século XIX, preservadas ou destruídas, são as que fazem mais sucesso. Por ser um perfil com um nicho específico, a plataforma atrai muitos profissionais da área, como engenheiros, arquitetos e designers. “O retorno é incrível. No fim, é a comunidade que faz o perfil resistir. O analytics ajuda a entender o que o público em geral mais curte, porém, é a interação com ele que enriquece a discussão. Por isso, respondo cada comentário, cada mensagem recebida”, esclarece.
A ideia de registrar imóveis antigos não é original, existem muitos perfis que o fazem. Para Gabriel, a originalidade de um perfil está na narrativa, no empenho em criar conteúdo e trazer o ponto de vista desejado para a discussão. Nesse caso, a discussão da preservação de uma memória coletiva, que de alguma forma ajude a construir a história. “Ainda quero criar conteúdo mais complexo para este perfil. Mas é difícil conciliar um trabalho formal com a produção de conteúdo para o Instagram. Consome tempo e às vezes até dinheiro. Recebo fotos diariamente com construções antigas, mas no feed do perfil me preocupo em postar as de propriedade intelectual minha”, explica.
Mesmo assim, o fotógrafo se sente feliz e realizado. Além do grande desafio que é produzir conteúdo diariamente, o projeto Arquitetura Esquecida o faz aprimorar o olhar fotográfico. “Acredito que estamos sempre em busca de algo que nos realize. Sei que não será fácil alcançar o sucesso, mas o caminho até lá pode ser muito gratificante”, finaliza.
E você? Já conhece o perfil? Acompanhe o @arq.esquecida e conheça ainda mais sobre esse trabalho sensacional.