Sentir-se bem em casa vai muito além de uma decoração bonita. Pontos estruturais devem ser pensados e otimizados de modo que a construção ofereça esse bem-estar aos moradores. Um exemplo disso é o conforto térmico.
É fundamental que uma casa seja capaz de se manter mais fresca durante o verão e mais aquecida ao longo do inverno, mas sem consumir tanta energia elétrica nas duas estações. Quer saber como alcançar esse objetivo? Siga conosco!
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O que é conforto térmico?
Uma das conceituações mais conhecidas de conforto térmico foi cunhada pelo arquiteto Victor Olgyay em 1973. Para o profissional, tal condição representa "aquele ponto no qual a pessoa necessita consumir a menor quantidade de energia para se adaptar ao ambiente circunstante".
Apesar de ser um conceito muito aplicado na arquitetura, é a biologia a ciência que estuda o conforto térmico. Trata-se de um estado do organismo humano, que precisa se adaptar para ficar em equilíbrio com o meio que o envolve.
Quando estamos em um local muito quente, o nosso organismo precisa fazer um esforço para se refrigerar. O mesmo ocorre em ambientes muito frios, nos quais o nosso corpo tenta estabilizar a temperatura para ficar aquecido.
O conforto térmico se dá quando o nosso corpo não necessita fazer nenhum esforço para que possamos nos sentir bem em um ambiente. E as edificações podem ser desenvolvidas estrategicamente para que isso seja possível.
O que diz a ABNT?
A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) estipula, de acordo com a NBR 16.401, que uma zona de conforto aceitável é em torno de 20 a 23ºC no inverno e 23 a 26ºC no verão.
Em relação à construção civil, arquitetos e engenheiros precisam ficar atentos à NBR 15.575, que aborda os requisitos de conforto térmico. Ela define os parâmetros de desempenho para as edificações residenciais, garantindo melhores níveis de bem-estar e menor consumo de energia elétrica.
A norma — que vale para todos os tipos de empreendimentos imobiliários residenciais — exige que os responsáveis pelo projeto realizem uma avaliação de desempenho térmico por simulação computacional usando dados como o clima da região e a própria estrutura da obra.
Qual a importância do conforto térmico?
Embora essa seja uma questão bem técnica, que exige conhecimento profissional, garantir o conforto térmico é de suma importância em qualquer projeto.
Primeiro, porque é possível tornar a residência mais eficiente energeticamente. Ou seja, quando o espaço é capaz de se manter fresco no verão e aquecido no inverno, aparelhos como ar condicionado, ventiladores e aquecedores consomem menos energia. Isso significa um impacto ambiental menor.
Segundo porque, com o conforto térmico garantindo, o bem-estar dos moradores será maior, fazendo com que eles se sintam felizes em casa e tenham mais qualidade de vida.
E terceiro porque, com o conforto térmico, a performance humana melhora, ou seja, os moradores se sentirão mais dispostos física e intelectualmente para trabalharem, estudarem ou realizarem as diferentes atividades que costumam fazer no lar.
Além de todos esses pontos, há a vantagem da proteção da construção. Por exemplo, os isolantes térmicos usados na obra ajudam a evitar a infiltração de água e a penetração de sujeira externa, além de conferirem mais segurança em relação aos sinistros como incêndios, uma vez que podem ter efeito antichamas.
Como garantir o conforto térmico nos seus projetos?
Agora que você já conhece o conceito de conforto térmico, veja algumas dicas para colocá-lo em prática nos seus projetos. Com certeza elas serão muito úteis para garantir a satisfação dos seus clientes.
Implantação da edificação no terreno
O primeiro passo para garantir o conforto térmico em um projeto é fazer a implantação adequada da edificação no terreno. Deve-se observar características como o clima e a geografia da região onde a obra será construída.
Os ambientes voltados para o norte, por exemplo, recebem bastante luminosidade. Então, a dica é projetar os cômodos que precisam de mais luz com a face voltada nessa direção. Nos demais, é preciso criar aberturas que permitam uma boa incidência do sol.
Além disso, lembre-se sempre do posicionamento do sol, que nasce no leste e se põe no oeste. É interessante que as faces da casa posicionadas para esses lados sejam menores, absorvendo menos calor.
Caso haja construções próximas, tente manter uma distância de cinco vezes a altura da casa, garantindo espaço adequado para a ventilação.
Aberturas para a incidência ventos e luz
É fundamental analisar o comportamento dos ventos, porque isso deve guiar a disposição dos espaços e a inserção de elementos arquitetônicos, como brises ou cobogós.
As brises — ou brise-soleil — têm como função principal proteger a fachada da incidência solar, sendo elementos vazados.
O cobogó, também um elemento vazado, pode ser usado em paredes não estruturais internas da casa, ajudando na entrada de luz natural e, principalmente, na circulação do ar.
Outra dica é orientar as aberturas dos ambientes, como janelas e portas, na direção dos ventos predominantes, que são diferentes no inverno e no verão.
Portas de correr, janelas, venezianas e outras possibilidades de passagem para os ambientes externos devem ser inseridas no projeto de forma estratégica.
A iluminação zenital também é uma boa prática, tendo em vista que permite que o calor do sol seja melhor aproveitado nos ambientes.
Drywall e outros materiais construtivos
O drywall oferece um conforto térmico superior à alvenaria tradicional, pois não absorve a temperatura externa. Isso é possível graças à sua camada de isolamento interna, que pode ser em lã de vidro ou rocha, que também favorece o conforto acústico.
Além do drywall, os tijolos e as pedras são considerados materiais de alta inércia térmica; por isso, são muito usados em ambientes quentes para manter o interior da construção mais fresco.
Nas regiões mais frias, os materiais de baixa inércia térmica — como a madeira — são muito usados, garantindo que os interiores se aqueçam rapidamente durante o frio.
Fachadas ventiladas
Outra maneira interessante de garantir o conforto térmico do seu projeto é apostando nas fachadas ventiladas, uma solução construtiva sustentável que pode reduzir até 50% do consumo de energia dentro do imóvel.
Ela funciona criando uma espécie de "segunda pele" sobre a fachada principal, trazendo ainda mais proteção. O revestimento é fixado em uma armação de alumínio ou aço inoxidável que fica ancorada na estrutura da edificação. Assim, fica afastada da alvenaria de vedação.
O espaço entre as placas não recebe vedação completa, possibilitando, dessa forma, a criação de uma lâmina de ar na cavidade entre as duas paredes. Com isso, tem-se o efeito chaminé, com troca de ar permanente, o que oferece maior conforto térmico dentro da construção.
O efeito chaminé ocorre quando o ar mais quente sobe e, devido à diferença de pressão, suga para dentro da cavidade o ar mais fresco. O ar da cavidade muda o tempo todo e não aquece a face do corpo da edificação, que permanece protegida.
- Além de auxiliar na eficiência energética e no conforto térmico, a fachada ventilada oferece outras vantagens, como:
- os painéis da fachada ventilada são independentes, então são mais fáceis de instalar e manter, pois possibilitam reparos e mudanças ágeis;
- possui alta durabilidade e baixo grau de absorção, permitindo que a limpeza das placas seja feita pela própria água da chuva;
- possibilita a dispersão do vapor presente no interior das paredes, eliminando a umidade dos edifícios;
é capaz de controlar a entrada de água da chuva e eliminar as infiltrações.
Telhas cerâmicas ou metálicas
O tipo de material escolhido para o telhado contribui muito com o conforto térmico. Entre os mais recomendados estão as telhas cerâmicas e metálicas.
No caso das telhas cerâmicas, no entanto, é preciso prestar atenção na inclinação e usar um forro com isolamento, que pode ser de rocha ou de lã de vidro.
Já no caso das telhas metálicas, recomenda-se comprar os modelos com isolantes térmicos nas camadas inferiores. Assim, a manutenção da temperatura se torna mais eficiente nos ambientes.
Outra dica é em relação ao formato do telhado, pois isso é capaz de influenciar na trajetória dos ventos e, consequentemente, na temperatura. Quanto mais a inclinação for a favor do vento, melhor será o efeito de resfriamento.
Em relação às telhas, outra possibilidade interessante é o uso do telhado verde. Trata-se de uma solução sustentável que favorece o conforto térmico e acústico, além de permitir a captação de água da chuva, melhorar a qualidade do ar e reduzir o risco de enchentes nas cidades.
Vidros
O tipo de vidro usado em portas e janelas também impacta o conforto térmico.
Se você reside em um local com frio intenso, vale a pena investir em vidros duplos, que têm uma espécie de colchão de ar entre as folhas e, dessa forma, impedem a entrada de ar gelado.Durante o verão, esse sistema não é um problema, pois as portas e janelas tendem a passar mais tempo abertas.
Outra possibilidade é o uso de vidros de controle solar, como insulados e low-e, que são capazes de reduzir a temperatura.
Porcelanatos nos pisos e nas paredes
O porcelanato é um material que não retém calor. Logo, ele contribui para que os ambientes se mantenham resfriados. Em regiões muito quentes, portanto, o uso desse revestimento é interessante para deixar os cômodos mais frescos e agradáveis.
Além disso, existem produtos dos mais diversos tipos, como as lastras, que são superfícies de porcelanato. Com esse revestimento, é possível cobrir os pisos e as paredes, o que proporciona um maior conforto térmico.
Mas se a região onde você mora costuma ter invernos rigorosos, uma dica é instalar um piso aquecido embutido no contrapiso. O sistema funciona por meio de uma tubulação de água quente ou resistência elétrica que aquece a superfície de maneira uniforme.
Essa solução precisa ser incluída ainda na fase de projeto, porque é mais difícil de adaptá-la em um ambiente já pronto.
Plantas
Ao decorar os ambientes internos, apostar no uso de plantas é interessante para garantir mais conforto térmico. Isso porque elas ajudam a umidificar os espaços e resfriar as temperaturas.
Dentro de casa, as plantas contribuem para que os ambientes fiquem confortáveis, até mesmo nos dias mais quentes do verão.
Além disso, elas servem como lindos objetos decorativos e trazem a natureza para perto de você. Nesse sentido, que tal investir no design biofílico?
Também vale a pena apostar em vegetação para a área externa, com árvores que projetem sombra na casa e caminhos para a ventilação.
Decoração
A decoração pode ajudar a melhorar o conforto térmico.
As cores escolhidas, por exemplo, ajudam a transmitir sensações. Os tons neutros e claros tornam os ambientes mais frescos e iluminados.
Eles absorvem menos calor do que as cores escuras e fortes, que, por sua vez, devolvem o calor absorvido para o ambiente.
Outra forma de garantir mais conforto térmico com a decoração é usando tapetes e cortinas. Eles são recursos simples de serem instalados e ajudam a reduzir os impactos do calor e do frio.
No inverno, os tapetes — especialmente os mais felpudos — impedem que você tenha de caminhar por pisos frios. No verão, os modelos em tecidos finos e frescos ajudam a reduzir o calor.
Já as cortinas são fundamentais para barrar a entrada de luz solar. Tecidos leves ajudam a trazer uma sensação de frescor ainda maior.
O posicionamento dos móveis pode influenciar no conforto térmico. No calor, deixe-os dispostos de uma maneira mais espaçada, melhorando a circulação de ar e criando uma sensação de frescor.
Nos dias mais frios, reformule a decoração, posicionando os móveis mais próximos, transmitindo uma sensação maior de aconchego.
Se você colocar as nossas dicas em prática nos seus projetos, certamente garantirá o conforto térmico dos ambientes. São nesses detalhes que moram o sucesso de uma obra! Por isso, planeje tudo com muita cautela.
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