Ele vinha com luz, homem alto, de gestos e movimentos largos. Sorriso maroto, algo ingênuo, puro.
Sempre me recordo da alegria!
Um bonito homem e o belo fazia.
Fomos amigos e parceiros profissionais.
Vizinhos em exposições, era sempre uma oportunidade para uma longa e frutífera conversa. Generoso, de olhar observador, bom e crítico sincero.
Respirava o ofício que exercia e corajosamente se arriscava. Explorava o uso da cor, os materiais naturais, os desenhos dos telhados e o exercício das proporções.
Casa da Asa, 1999. (Foto: Leonardo Finotti - Cortesia do Projeto Memória/Bernardes Arquitetura)
Inventivo, desenhava seus projetos nas primeiras paredes que se erguiam. Paredes que se transformariam em grandes espaços com largas circulações, galerias, escadas generosas, pés-direitos duplos.
Amava e respirava a natureza; seus projetos dialogam com ela. Difícil saber o limite, a fronteira entre arquitetura e ambiente nas suas construções. Os vãos, portas e janelas sempre abertos, descortinados. Suas casas flutuam sobre o azul do mar ou caminham em palafitas. Suas coberturas de sapê camufladas pelas copas das árvores. A luz fluida penetra pelos vãos planejados e a brisa circula.
Casa Claudio Bernardes, 1990 (Foto: Leonardo Finotti - Cortesia do Projeto Memória/Bernardes Arquitetura)
Casa da Gávea, 1992 (Foto: Leonardo Finotti - Cortesia do Projeto Memória/Cláudio Bernardes Arquitetura)
A realização da arquitetura brasileira, da simplicidade na escolha e no uso de materiais como a pedra, a madeira, a palha, e o vigor da cor.
Sua personalidade sempre jovial, de espírito livre, e sua constante energia incorporaram e carimbaram seus projetos.
Sua assinatura na vibrante e comovente composição estética, herança inspiradora.
Gostou desse artigo incrível da colunista Lia Siqueira? Recomendamos agora as leituras Paulo Mendes da Rocha: uma lenda viva da arquitetura brasileira e também Uma mistura de referências: 7 características da arquitetura brasileira