O novo Museu do Forno Imperial está localizado no centro histórico da cidade chinesa de Jingdezhen, ao lado das ruínas dos fornos imperiais Ming e Qing e está cercado por muitos outros fornos antigos de tamanhos variados.
A cidade é conhecida pela produção de porcelanas e cerâmicas há aproximadamente 1.500 anos. O projeto, inaugurado em 2020 e produzido pelo escritório de arquitetura Zhu-Pei, homenageia a tradição de Jingdezhen com estruturas abobadadas que valorizam as ruínas do passado.
Os fornos, feitos de tijolos, não fazem apenas parte da história de Jingdezhen, mas também dos espaços públicos e sociais do cotidiano dos cidadãos. Os tijolos de Jingdezhen registram uma antiga tradição do passado, quando os habitantes da cidade pegavam um tijolo quente dos fornos para colocar em suas mochilas, segurando-o com força para se aquecer e assim atravessavam o inverno gelado. Durante o verão, este local rodeado de alvenaria proporcionava ao público de diferentes faixas etárias um espaço comunitário maravilhosamente protegido.
Com memórias intocáveis de geração em geração, os fornos antigos se tornaram a inspiração do design para o novo museu da cidade. O forno não só entrou em toda a história de Jingdezhen como também virou uma forma arquitetônica. Após um certo período, quando um tijolo do forno não pode mais armazenar calor, ele é removido do forno e usado na construção de estruturas residenciais e aqui não foi diferente.
A forma única dos fornos, o protótipo do arco oriental, mais o seu tempo e as memórias que passam, moldam as relações entre a cidade, o espaço e as pessoas. Com vários tamanhos diferentes, os módulos do projeto criam um ar de ambiente descontraído, casual, manual e natural. Ao caminhar pelos fornos e pátios submersos, as pessoas podem obter um tipo de experiência espacial diferenciada. A iluminação dos arcos é natural durante o dia por conta de claraboias que antigamente eram o lugar de saída da fumaça dos fornos.
O museu tem dois níveis: subterrâneo e térreo e está rodeado por espelhos d’água. O layout do projeto contribui com a semelhança de escala entre os edifícios do museu e as construções existentes à sua volta.
A entrada da estrutura principal é feita pelo foyer e conforme você caminha pelo projeto se depara com a livraria, café, sala de chá e chegará a uma área semiexterna sob arcos que durante o dia refletem as ondas da água e possui um espaço convidativo para se sentar e apreciar as ruínas do forno imperial.
A exposição fixa tem uma circulação fechada que passa pelos dois pisos do projeto, enquanto duas salas de exposições temporárias podem ser adicionadas a essa circulação, juntas ou separadamente, ou sendo visitadas aleatoriamente. As duas salas podem permanecer independentes ou fazer parte de toda a exposição. Outra característica do museu é que o processo de recuperação de porcelanas antigas será aberto ao público, tornando-se uma parte essencial da exposição.
Gostaram do projeto? Achamos muito interessante a capacidade e sensibilidade do escritório de arquitetura Zhu-Pei em ‘’reciclar’’ uma tradição, transformando-a em um espaço cheio de memórias, mas com uma arquitetura completamente contemporânea. Conheça agora a nova fábrica de Lastras Portobello, a primeira do Brasil que produz as superfícies contínuas para revestir, mobiliar e decorar ambientes.
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Foto de destaque: Conexão do projeto com as ruínas (Imagem: schranimage)