A proposta das casas de parto é oferecer a possibilidade de um nascimento humanizado e natural.
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Com um ambiente seguro e acolhedor, elas permitem que mãe e bebê tenham uma experiência diferenciada, tornando-se a escolha de muitas mulheres que desejam vivenciar o ato de dar à luz de forma íntima.
Neste artigo, você vai entender o que são as casas de parto e como funcionam esses espaços projetados para proporcionar um dos momentos mais importantes na vida dos pais. Boa leitura!
O que são as casas de parto?
Criadas para direcionar o nascimento novamente para sua naturalidade, as casas de parto vêm da ideia de que dar à luz faz parte da vida e que o corpo da mulher está preparado para isso.
Mas isso não significa que esses espaços não tenham conhecimento sobre os riscos que mãe e bebê podem correr durante o nascimento. Eles não desconsideram casos em que o corpo da mulher não consegue realizar o parto de forma segura via vaginal. Por isso, atendem somente gestações de baixo risco.
Desenvolvidas com estruturas semelhantes a ambientes familiares, as casas de parto contam com o aconchego e a proximidade que a mulher tem em casa, na tentativa de mantê-la tranquila. Essa é uma estratégia adotada para humanizar o momento do nascimento.
As casas de parto têm como nome oficial Centros de Parto Normal, justamente pelo seu incentivo a nascimentos realizados via vaginal. Atualmente, elas podem ser encontradas nas redes pública e privada de saúde.
Casas de parto públicas
No Brasil, existem 18 casas de parto na rede pública. Um bom exemplo é a Casa Angela. Conveniado com a Prefeitura de São Paulo, o espaço foi inaugurado em 2009 pela Associação Comunitária Monte Azul e é referência no país.
Entretanto, sua história começou na década de 1980, quando a parteira alemã Angela Gehrke da Silva iniciou um trabalho de parto humanizado na comunidade do Jardim Monte Azul, na zona sul.
Angela fundou a Casa de Parto Monte Azul em 1997, a primeira da cidade. Depois, o local deu origem à Casa Angela, em homenagem a ela.
Com a criação do espaço, o acesso das mulheres ao parto humanizado foi ampliado, contribuindo com as políticas públicas a respeito do procedimento.
Essa é uma demanda que cresce a cada dia no Brasil diante da realidade vivenciada por muitas mulheres, envolvendo intervenções com violência obstétrica e condutas abusivas.
Casas de parto privadas
Atualmente, existem quatro casas de parto privadas no Brasil. A primeira delas, Luz de Candeeiro, foi fundada no Distrito Federal por duas enfermeiras obstétricas. A instituição conta com uma equipe experiente, que atua na assistência à gestação desde 2012.
Além de partos humanizados, a casa realiza consultas pré-natal com médica e enfermeiras obstétricas, pré-natal coletivo — com o objetivo de formar uma rede de apoio às gestantes —, consultas ginecológicas, planejamento reprodutivo e acompanhamento pós-parto.
Qual é a importância das casas de parto?
De acordo com pesquisas, o Brasil é o país com maior número de partos por cesárea desnecessários no mundo. A proporção recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) é de 15%. No entanto, no ano em que o levantamento foi realizado, 45,9% dos partos do país eram realizados por meios cirúrgicos.
Em 2018, esses números já atingiam 88% no setor privado e 43% nos serviços públicos, levando o Governo do Estado de São Paulo a instituir o parto normal como regra quando não há a indicação para cesárea.
Nesse cenário, a implantação das casas de parto se torna mais importante. Afinal, representa a esperança não só da humanização dos partos, mas também da diminuição dos riscos próprios de procedimentos cirúrgicos.
A recuperação do parto normal é muito mais rápida do que a da cesariana. Outros benefícios incluem:
- menores chances de hematomas e infecções na mãe e no bebê;
- melhor funcionamento do organismo da criança;
- aceleração na descida do leite materno;
- menos estresse.
Como é a estrutura de uma casa de parto?
De forma geral, as casas de parto são desenvolvidas como ambientes para acomodar as mulheres e os familiares, desde a entrada até o momento de alta, em alojamentos coletivos ou privados. O espaço é formado por salas equipadas com bolas, banheiras, chuveiro, banquetas, berços e cama para os pais.
No entanto, a estrutura pode variar de uma unidade para outra. Além disso, as casas são equipadas com salas de espera e ambientes voltados para postos de enfermagem, postos de reanimação neonatal e também sala de utilidades.
A estrutura das casas de parto também conta com ambulatórios de pré-natal, ambulatórios de aleitamento materno, almoxarifado, expurgo, copa, sala voltada para equipe profissional, salas administrativas, salas de reuniões, abrigo de gases medicinais e estacionamento.
Quais são as condições exigidas de uma casa de parto?
Para que a casa de parto garanta a segurança da mãe e do bebê, algumas condições são exigidas.
É importante que essas medidas sejam avaliadas com antecedência. A gestante também deve receber orientações sobre o parto normal e humanizado, como cursos e oficinas.
Entre as principais características das casas de parto brasileiras, estão:
- presença de ambulância 24 horas para casos de emergência, em que a mulher ou o bebê precise de encaminhamento ao hospital mais próximo;
- equipamentos que possam ajudar no alívio da dor e estímulo do nascimento, como bolas, banquetas de parto vertical e arcos de suporte;
- quartos com espaço privativo para a mulher e o acompanhante, que seja destinado aos momentos pré, parto e pós;
- equipe formada por enfermeiros obstetras, técnicos de enfermagem e auxiliares de serviços gerais;
- área adequada para que a gestante possa caminhar durante o período de trabalho de parto;
- banheira para uso durante o trabalho de parto, caso essa seja a opção da gestante;
- estrutura com capacidade para realizar, no mínimo, 480 partos ao ano;
- banheiro anexo ao quarto.
Quais são as vantagens?
Entre as principais vantagens que as casas de parto apresentam está a estrutura estrategicamente desenvolvida para criar um ambiente encorajador, com estímulos visuais, proteção acústica e luminosidade agradável para todos.
Além disso, as casas de parto oferecem o benefício do nascimento afetuoso, sempre supervisionado por enfermeiras obstetras. Durante o processo, a mulher pode transitar pelo ambiente, que é preparado adequadamente para isso, se alimentar e escolher a posição mais confortável, raramente adotada em hospitais.
Nas casas de parto ainda existe a possibilidade de aliviar as dores em banheiras e, inclusive, de o nascimento também ocorrer dentro da água. A gestante ainda pode ficar perto da família, receber massagem, ser acalmada e fazer uso de aromaterapia, entre outras alternativas que contribuem para que o momento seja inesquecível.
Quais são os cuidados ofertados nas casas de parto?
As casas de parto oferecem a estrutura ideal para que a mulher consiga minimizar preocupações, estresses e traumas durante o nascimento do bebê. Inclusive, os cuidados da primeira hora de vida do recém-nascido são realizados junto à mãe.
Quando o bebê se mostra bem, as avaliações logo ao nascer são realizadas no colo da mãe, havendo o contato pele a pele e a amamentação. Posteriormente, a equipe da casa de parto permite que o cônjuge realize o banho da criança, estreitando os laços familiares.
O momento da alta acontece de 6 a 24 horas após o momento do parto, de acordo com cada unidade.
Em relação às vacinas e aos testes necessários, nem todos são realizados nas casas de parto. Alguns devem ser agendados e realizados em postos de saúde ou clínicas de vacinação.
Entre os testes realizados ao nascer que podem ser feitos nas casas de parto estão o:
- do coraçãozinho, observando a presença de possíveis alterações cardíacas;
- da linguinha, que indica limitações na movimentação da língua;
- do pezinho, para identificar doenças genéticas ou metabólicas;
- do olhinho, para diagnosticar doenças oftalmológicas;
- da orelhinha, para constatar doenças auditivas.
Atualmente, as casas de parto contribuem para resgatar a naturalidade do nascimento, com ambientes que proporcionem à gestante e sua família a experiência de dar à luz com estrutura, segurança e afeto, além de incentivarem a opção pelo parto normal para mulheres que não apresentam riscos.
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