Quando a gente pensa em uma casa, ou apartamento, na arquitetura, muitas vezes o belo, o perfeito, o correto ou a tendência do momento nos vêm à mente, não é?
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Mas a casa é bem mais que isso. Ela é a moldura da vida que está sendo bem-vivida.
O nosso lar é onde conseguimos refletir, como um grande espelho, tudo aquilo que estamos nos permitindo viver.
Quando estamos conscientes disso, cada foto relembra viagens, pessoas amadas, momentos memoráveis. Cada móvel vem recheado de lembranças, cada planta ganha um significado mais afetivo e assim por diante. A cozinha então... A cada dia, inúmeras possibilidades de viver histórias para contar.
Meu nome é Lufe Gomes e estou muito feliz em começar minha participação como colunista aqui do Archtrends mostrando justamente este projeto tão emocionante e marcante na minha trajetória.
Esta é a nova casa dos meus pais, planejada nos mínimos detalhes para promover a saúde física e mental deles. Sim, é disso que estou falando. Os projetos de arquitetura são muito importantes para promover sentimentos positivos em quem vive ali. Talvez muitos ainda não saibam, mas, além de fotógrafo e comunicador digital, sou também formado em Engenharia Civil, e hoje me considero um filho mais feliz por ter projetado e construído a casa dos sonhos dos meus pais.
Vou contar aqui alguns detalhes que deixam esta casa ainda mais especial.
Quem disse que uma casa para pessoas mais velhas precisa ter cara de passado? Por que não uma casa moderna, que ajudasse nos estímulos mentais e físicos?
Então, o ponto de partida foi buscar uma arquitetura mais atual, focada na felicidade simples, onde elementos naturais fossem abundantes em cada ambiente. A casa é uma mistura de alvenaria e madeira. Na parte externa, pintamos a alvenaria de preto (bem moderno) e usamos verniz incolor na madeira. Já na parte interna, optamos pelo branco.
A luz natural foi a primeira exigência: "quero uma casa clara, onde eu não precise acender a luz durante o dia", disse minha mãe, de forma certeira.
Para resolver isso, o projeto foi criado em uma planta plana, comprida e estreita, onde o sol da manhã entra pela varanda e pelas enormes portas de vidro. O pôr-do-sol entra pelas grandes janelas da cozinha, trazendo luz natural durante todo o dia.
E por falar em planta comprida, este foi outro ponto importante. Minha mãe adora fazer caminhadas, mas meu pai... Faz cara feia só de sugerir. Então, a arquitetura me ajudou a fazê-lo caminhar sem perceber que está se exercitando. O terreno tem 30 metros de extensão e a casa tem 20 metros, totalmente planos. Assim, é inevitável caminhar de um ambiente para o outro, dos fundos para a fachada, nem que seja para fechar as janelas, levar o lixo, brincar com o cachorro, acompanhar o neto ou mexer no jardim. Acredito este ter sido o ponto alto do projeto.
Para a parte interna, escolhemos o piso da Portobello Araucária Clara natural, em tábuas de 20x120cm, e fizemos a paginação com transpasse irregular das peças, buscando a integração completa de todos os ambientes. De uma ponta a outra da casa - dos quartos, passando pela sala e cozinha - o piso é contínuo, sem divisões.
Na varanda de 16 metros de comprimento, seguimos com o mesmo piso e paginação, alternando apenas para a versão para áreas externas de Araucária Clara.
A casa é feita de madeira pinus autoclave, e o piso ficou perfeito na concepção de uma casa de fazenda moderna. O telhado com as vigas aparentes é uma estrela do projeto.
Nos banheiros, usamos o revestimento POSTO 10, no formato 120x120cm, cocriado na parceria entre Portobello e Oskar Metsavaht, assim como na lavanderia. As peças valorizam os ambientes, dando ainda mais amplitude e conexão com elementos naturais.
O jardim, abundante em toda a extensão do terreno, é uma forma de integração, não só da área interna com a externa, mas também da união dos meus pais com a casa da minha irmã, no terreno ao lado. Isso mesmo. O portãozinho de madeira, no meio do jardim, deixa a família próxima, dando segurança e amor no dia a dia. Lembra que falei sobre saúde mental em todos os níveis? Pois é…
E por falar em jardim, usamos porcelanato da Portobello Spessorato para criar os caminhos pela grama, unindo garagem, varanda, área dos fundos, casa da irmã e... A casinha do Gepeto. Essa casinha... Ah, essa casinha é um dos pontos mais aplaudidos do projeto, sabia?
O sonho do meu pai era ter um espaço só pra ele, uma marcenaria, um atelier de criação, de faz-tudo, onde ele pudesse se sentir cada dia mais útil e ativo. Então projetei essa casinha de madeira, que apelidamos de Casinha Preta, onde já nos emocionamos inúmeras vezes ao vê-lo ali criando junto com o Bruno, o netinho de apenas seis anos. Eles não se desgrudam e são melhores amigos. Mais uma vez... Saúde física e mental.
A cozinha completamente integrada à casa, sem divisórias, foi um dos pedidos da minha mãe, que gosta de ter todos juntos na maior parte do tempo. Ali, a integração é natural e intensa.
Ela também tem um quarto atelier só dela, onde cria artesanatos e grava muitos de seus vídeos para o YouTube, no canal Boas de Ideias, que criou junto com a minha irmã. É isso mesmo... Aos 75 anos, animada com a nova casa, ela se renovou, rejuvenesceu, desabrochou.
E meu pai? Lembra que eu disse que o projeto o faria caminhar sem perceber? Antes da casa nova, ele usava bengala. Agora, nem lembra que ela existe, caminha por tudo, e temos a impressão de estar uns 10 anos mais jovem.
Arquitetura despertando felicidade e dando resultados concretos.