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Arquitetura para crianças: projeto é criado para tornar as cidades mais humanizadas

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10.10.2018
Em homenagem ao Dia das Crianças, o Archtrends conhece a iniciativa, “Arquitetura e cidade para crianças”, inspirada em programas educativos do exterior que provoca a reflexão sobre o meio ambiente, a vida urbana e o universo infanto-juvenil em escolas do Brasil.
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Se você mora em alguma metrópole brasileira, talvez já tenha reparado nos espaços públicos ocupados por crianças — ou na falta deles. Com qual frequência elas são vistas brincando em parques e praças? Elas utilizam o transporte público? Ou passam a maior parte do tempo dentro de carros, prédios e escolas?

Você pode não perceber, mas a sua resposta é um excelente indicador do nível de inclusão e acolhimento da região onde vive. As arquitetas Fabíola Cordeiro e Amanda Tiedt, que vivem em Blumenau (SC), acreditam que o espaço que oferece segurança para a criança também promove autonomia para todos.

Neste post, você vai conhecer melhor um projeto de arquitetura para crianças que essas duas profissionais criaram. O objetivo é tornar o espaço urbano mais humanizado e mudar a conexão dos pequenos com o ambiente onde habitam.

O que é o projeto de arquitetura para crianças?

Crianças que participaram do "Arquitetura e cidade para crianças” (Foto: divulgação)

A ideia de sensibilizar as crianças surgiu no final de 2016, com a conferência Habitat III (que define como será a agenda urbana para os próximos anos). Promovido pela ONU, o evento lançou a meta de tornar as cidades mais acolhedoras para mulheres e crianças. “A gente percebeu que existiam algumas atividades relacionando mulheres à segurança e à ocupação, mas não havia quase nada que explorasse a relação entre cidades e crianças. Foi aí que começou a nossa pesquisa”, conta Fabíola.

Os estudos deram forma a uma ideia que foi construída com base em vários casos de sucesso, como os projetos “Era uma Casa” do Brasil, “No Small Plans” e “Arquitectura para Niños”, do exterior. Fabíola explica que a Espanha é uma referência no trabalho de refletir como a criança se sente no espaço urbano e o que pode ser feito para promover uma melhor conexão entre ambos: “Foi um dos países que mais nos inspiraram, porque já está muito à frente nisso.”

Diante de tantas pesquisas, as arquitetas adaptaram as próprias ideias ao modelo de projeto requerido para execução pelo Fundo Municipal de Apoio à Cultura de Blumenau. Com isso, foi criada a oficina “Arquitetura e cidade para as crianças”, que propõe, de forma lúdica e prazerosa, conscientizar a criança para encontrar representatividade e despertar empatia pela cidade em que mora.

Assista ao vídeo sobre o projeto:

Como a arquitetura também pode ser um assunto de crianças?

As próprias arquitetas começaram a fazer as oficinas de forma voluntária até o requerimento ser aprovado pelo fundo municipal. “Era um projeto gratuito, aberto, mas a gente ficou bem feliz porque foi a primeira vez que nos inscrevemos em um projeto cultural. Mesmo que baixa, a gente conseguiu uma remuneração para organizar e executar oito oficinas, seis em escolas e duas abertas para a comunidade”, relembra Fabíola.

Para disseminar a importância da conexão e do sentimento de pertencimento da criança com a cidade, o trabalho é dividido em três módulos: “Minha Casa”, “A cidade” e “Meio Ambiente”.

Minha casa

Voltado para o reconhecimento do espaço habitacional, as crianças procuram entender o quanto a casa em que vivem se molda a partir das pessoas que ali habitam, bem como os hábitos e diferenças de cada uma. Nesse módulo, os participantes se divertem e desenvolvem a percepção espacial por meio de desenhos da própria moradia em planta baixa.

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Oficina desperta empatia das crianças pela cidade (Foto: divulgação)

A cidade

O módulo “a cidade” usa jogos e pinturas para explorar a relação dos espaços privados com os públicos, entendendo a importância dos patrimônios históricos e da arquitetura na cidade de forma lúdica. O aprendizado é feito pelo descobrimento ativo da própria criança.

A gente trabalha a questão de não trazer uma resposta pronta, mas permitir que construam seus próprios conceitos de casa, apartamento, rua, cidade, praça… É muito legal ver que cada criança tem seu conceito particular”, diz Amanda.

Meio ambiente

Por meio da parceria com a engenheira ambiental Ana Glória, a questão de resíduos na cidade e a sustentabilidade são abordadas de forma coletiva. As crianças são convidadas a refletir sobre o destino dado aos itens que jogam fora, a produção de alimentos e as práticas de reciclagem/compostagem. Com isso, as atividades desempenhadas são a plantação de brotos em cascas de ovos e a criação de uma bomba de sementes (uma técnica japonesa usada para reflorestamento em diversas partes do mundo).

Como o projeto humaniza a cidade?

Amanda afirma que o poder público tem o dever de inserir as crianças no ambiente urbano, em um espaço que vá além da escola, áreas externas de condomínios e de suas próprias casas. “Uma praça vazia, por exemplo, dá um tipo de sensação de insegurança. Aquilo desativa a vida urbana, automaticamente. A gente precisa valorizar essa conexão com as pessoas que as crianças trazem”, comenta ela.

As oficinas desenvolvem, de maneira divertida, um olhar mais apurado para que os pequenos consigam se enxergar na cidade com autonomia, despertando a corresponsabilidade para preservação e desenvolvimento do local onde vivem. “Se a gente for analisar a cidade dos sonhos de uma criança, é realmente incrível. Saímos de lá (da oficina) supercansadas, mas inspiradas e pensando em criar algo melhor a partir dela”, garante Fabíola.

No início, o propósito principal de ensinar arquitetura para crianças nas escolas era promover um impacto local, mas a ideia tomou proporções maiores ao gerar aprendizados com potencial transformador. “Acabou que a gente fez contato com arquitetos de várias regiões do Brasil e pessoas de outros países, que estavam interessadas em replicar o projeto. Isso é uma coisa que a gente não esperava”, assume Amanda.

Apesar da disponibilização e disseminação de todo o material criado, os próximos passos da expansão do projeto permanecem incertos, por falta de recursos.

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Projetos preveem meio rubano mais inclusivo (Foto: divulgação)

Uma cartilha também foi desenvolvida e impressa pelas arquitetas para que seja distribuída aos educadores e responsáveis. Além do conteúdo e das práticas abordadas em cada módulo, o material apresenta dicas de atividades divididas por faixa etária (seis a doze anos), que os próprios pais podem reproduzir em casa com facilidade. “A gente viu na cartilha a possibilidade de ampliar essas atividades. Se o filho não teve a oficina na escola, alguém pode imprimir e fazer em casa”, indica Fabíola.

O material está disponível on-line e deve ser fornecido para todas as escolas da rede municipal de ensino com o objetivo de fazer com que a arquitetura para crianças se transforme em aprendizados valiosos para toda a vida.

Gostou do projeto? Se você pretende comemorar o Dia das Crianças, aproveite para compartilhar essa iniciativa tão transformadora em suas redes sociais!

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  1. Adorei a ideia, sou educadora e desenvolvo a Semana Mundial do Brincar em Santos desde 2013, juntamente com diversos parceiros, especialmente as Universidades, trazer a arquitetura para esta reflexão sempre foi um desafio. Este ano conseguimos.



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