As construções em diversas partes do mundo foram adaptadas às condições do clima, geografia e cultura local. Ainda assim, a era da globalização permitiu que características próprias de um país fossem incorporadas a estilos de vida distintos.
Isso trouxe vantagens para os arquitetos que buscam referências e fontes inspiradoras de projetos. E foi pensando em ajudar esse grupo de profissionais que montamos um post especial sobre a Arquitetura Nórdica.
Quer saber mais sobre essa vertente? Então acompanhe e saiba como aplicá-la nos seus trabalhos!
A origem da Arquitetura Nórdica
A Arquitetura Nórdica surgiu na região da Escandinávia e, por isso, também passou a ser chamada Arquitetura Escandinava. O estilo apareceu com força por volta do século XX e se concentrou em países como Noruega, Suécia, Dinamarca e Finlândia.
Fica clara a influência dos invernos rigorosos na configuração das obras arquitetônicas. Nas construções, a preferência era dada às matérias-primas locais, especialmente a madeira. O uso desse material acabou virando tradição na região e contribuiu para diferenciar a Arquitetura Nórdica dos demais estilos presentes na Europa.
Principais características
A Arquitetura Nórdica se baseia na cultura do essencial, porque surge em meio a condições bastante específicas: temperaturas hostis, ausência de cores, intensidade do branco da neve, escassez de materiais e longos períodos de baixa luminosidade.
Por consequência, é um estilo com foco na simplicidade e nunca no excesso, a fim de valorizar os recursos naturais e tudo aquilo que traz funcionalidade aos cômodos de convivência. O resultado é uma arquitetura de linhas simples, integrada ao entorno e com ambiente invernal.
Influência no Design
A Arquitetura Nórdica ganhou verdadeiro destaque na segunda metade do século XX, quando foi adotada por arquitetos como Arne Jacobsen, Alvar Aalto e Eero Saarinen. Além de produzirem obras e edifícios, esses profissionais também desenvolveram peças e mobiliário com design escandinavo.
A partir de então, a Arquitetura Nórdica foi se espalhando pelo mundo inteiro na forma de projetos e ideias. O estilo já entrou para a lista de tendências no Brasil e pode ser incluído na decoração com pequenas mudanças e adaptações.
A união da proposta clean à intimista
Ambientes inspirados na Arquitetura Nórdica devem priorizar a organização e a praticidade. Embora esse cuidado resulte em um visual minimalista, o estilo também engloba elementos que agregam conforto e um clima intimista a cada proposta. Veja a seguir quais recursos usar para ter bons resultados.
Tons neutros
Os países nórdicos passam longos períodos na escuridão durante a época do inverno. Por esse motivo, muitas construções daquela região são pintadas em tons neutros que ajudam a iluminar os ambientes internos.
Quem não gosta do visual monocromático pode apostar em cores pálidas ou discretas, como o cinza, bege, azul-turquesa e verde. As tonalidades vivas e vibrantes devem ser mantidas em pequenos objetos da decoração para evitar o excesso de informações.
Madeira clara
A madeira é protagonista na Arquitetura Nórdica. Ela pode aparecer nos móveis, pisos, forros e servir de revestimento às paredes das construções. Para equilibrar com o visual simples da decoração, a dica é sempre escolher cores claras.
Espécies como o pinho, carvalho e acre são boas opções para usar em projetos. Se a ideia é diversificar o uso da madeira crua, vale apostar nos móveis de laca branca ou com acabamento em pintura na tonalidade desejada.
Luz natural
A luz natural é um recurso extremamente valorizado na Arquitetura Escandinava. Basta perceber que muitas construções desse estilo passaram a usar grandes aberturas em vidro para aproveitar o máximo da luminosidade.
A iluminação artificial também é tratada com importância porque ajuda a manter os ambientes aconchegantes durante a noite. Nesse horário, a decoração pode receber a luz de lâmpadas, luminárias e até mesmo velas.
Mobiliário funcional
Os móveis de linhas puras são ideais para remeter à simplicidade da Arquitetura Nórdica. Nesse sentido, vale apostar em modelos com design retilíneo e peças funcionais que se encaixem em diferentes ambientes.
Acabamentos curvos e detalhes ornamentados devem ser evitados porque adicionam diferentes volumes e texturas à decoração. Na escolha de mobiliário colorido, devem ser deixados de lado os modelos com brilho ou estampas exageradas.
Itens clássicos e modernos
Uma característica presente em todos os projetos de estilo escandinavo é a fusão de elementos tradicionais e contemporâneos. Essa mistura cai bem porque traz ousadia a espaços que costumam apresentar um visual envelhecido.
Para o efeito funcionar, é preciso que os acessórios antigos e equipamentos modernos sejam mantidos dentro do mesmo ambiente. Algumas combinações básicas podem ser feitas com luminárias vintage e aparelhos tecnológicos.
A estrutura do ambiente
As características da Arquitetura Nórdica não precisam ser limitadas à decoração de interiores. Com um pouco de criatividade, os principais materiais e tons do estilo também podem aparecer nos elementos estruturais e revestimentos da edificação. Confira ideias para se inspirar.
Materiais construtivos
A execução de um projeto dá aos arquitetos a possibilidade de criar um edifício inteiro no estilo escandinavo. Embora a madeira tenha sido o principal material usado nos primeiros exemplares da Arquitetura Nórdica, nada impede que novas interpretações sejam feitas a fim de deixar a obra com um ar moderno.
O concreto é um bom material para valorizar estruturas externas porque é resistente e seu acabamento original apresenta uma tonalidade neutra (cinza). A alvenaria de tijolos ou com bloco de concreto é outra opção interessante e pode receber pintura em tons claros.
A madeira fica bem em elementos estruturais internos, como escadas ou até mesmo em vigas e colunas aparentes. Projetos mais atuais podem combiná-la com o aço e o vidro.
Divisórias internas
As possibilidades de materiais e cores para as divisórias internas são diversas, mas é claro que a madeira será de novo a preferência. Ela pode aparecer tanto em paredes maciças quanto em painéis vazados ou ripados.
Outra alternativa é usar divisórias de vidro para separar cômodos sem bloquear a visão entre um e outro. Esse material é interessante porque permite a entrada da luz solar na edificação.
Revestimentos
Os revestimentos são grandes aliados na hora de projetar ambientes e podem ser substituídos sempre que necessário. Para o estilo escandinavo, a dica é optar por peças claras ou que reproduzem a textura da madeira, como é o caso do porcelanato amadeirado.
Superfícies grandes como pisos, forros e paredes pedem tons neutros para dar sensação de amplitude e manter o aspecto clean da Arquitetura Nórdica. Uma solução ousada é revestir essas áreas com pedras naturais ou com o tijolinho maciço, que traz a tonalidade do barro.
O toque final dado pelos itens de decoração
Artigos decorativos finalizam o visual de qualquer proposta e devem ter lugar garantido até nos ambientes mais simples. A vantagem é que eles permitem repaginar espaços inteiros a partir de simples trocas ou substituições.
Mantendo o foco na Arquitetura Nórdica, dedicamos este tópico a cinco elementos que não podem faltar nesse estilo de projeto. Acompanhe!
Tecidos
Originado em regiões frias, o estilo do norte europeu investe em têxteis de linho e algodão com diversas camadas. Destaque para peças como os tapetes de pelegos, edredons e mantas grossas colocadas sobre o mobiliário.
No Brasil e outros países de clima quente, os tecidos podem ser mais leves e limitados a cortinas, toalhas e almofadas. Como são materiais complementares na decoração, podem apresentar cores vivas e fortes.
Luminárias
Luminárias de todos os tipos são bem-vindas na decoração inspirada na Arquitetura Nórdica. É importante escolher luzes de tom amarelado para trazer conforto e aquecer visualmente o ambiente.
Na hora de planejar os pontos de luz, nada de centralizar lâmpadas em cômodos. Em vez disso, experimente dispor abajures, arandelas e velas em locais estratégicos para criar uma iluminação indireta.
Objetos pessoais
O minimalismo do estilo escandinavo não abre espaço às quinquilharias e excesso de ornamentos. É por isso que o pouco a ser exibido deve ter grande valor para o usuário.
Seguindo essa lógica, vale a pena decorar áreas com objetos pessoais dos moradores. Podem ser quadros, obras de arte, coleções de livros ou discos, jogos de cerâmica, painéis de fotografia e esculturas.
A presença desses elementos dá um toque maior de personalidade e transforma o ambiente projetado em um refúgio aconchegante.
Peças antigas
Como dito anteriormente, a fusão de peças antigas e modernas é uma boa pedida na Arquitetura Nórdica. Acessórios com design vintage são interessantes porque trazem o aspecto envelhecido e podem ser considerados elementos sustentáveis.
O reaproveitamento de itens na decoração remete ao desapego desejado no estilo escandinavo. Se a ideia é usar móveis antigos, prefira sempre os modelos em ferro ou madeira e com acabamento em linhas retas.
Vegetação
O ambiente natural tem valor na Arquitetura Nórdica e deve fazer parte do entorno da construção. Para atingir esse objetivo, o arquiteto pode planejar formas de integrar áreas internas e externas por meio de técnicas de paisagismo.
Além dos jardins e quintais, é importante levar a cor e o frescor do verde para dentro da edificação. Vale investir em vasos de chão, de parede ou com estruturas suspensas para o plantio de flores e folhagens.
Três projetos de destaque para se inspirar
Quem trabalha com projetos de arquitetura sempre tem motivos para buscar novidades na área. A vantagem é que boas referências não faltam quando o assunto é Arquitetura Nórdica. Veja a seguir três projetos de destaque que podem inspirar na hora de aplicar esse estilo.
Pavilhão Nórdico em Veneza – Itália
O Pavilhão Nórdico (1969) é de autoria do arquiteto Sverre Fehn e foi construído para refletir ideias sobre a sociedade Nórdica e sua arquitetura. Concebido em linhas simples, o projeto tem como destaque uma grande cobertura e se integra ao entorno a partir de aberturas e elementos vazados.
Materiais tradicionais e específicos do local foram combinados para dar origem ao pavilhão. Em uma mistura de cimento branco, areia branca e mármore branco, o arquiteto deu destaque a tons neutros e manteve a iluminação constante.
Curiosidade: em 2016, o Pavilhão abrigou a exposição In Therapy na Bienal de Veneza. No evento, foi exibida uma coleção de instalações para apresentar a abrangência da Arquitetura Nórdica contemporânea.
Mesquita do Islã em Copenhague – Dinamarca
Em 2015, o escritório de arquitetura Henning Larsen Architects apresentou um novo projeto para a construção de uma mesquita do Islã, em Copenhague. A obra foi inspirada na Arquitetura Nórdica e pretende abrigar também um centro comunitário com café, salas de aula, bazar, biblioteca, escritórios e estacionamento subterrâneo.
Para destacar a iluminação, os arquitetos propõem a construção de cúpulas abobadadas e de uma fachada de concreto perfurada que permita a passagem de luz. O pátio deverá ser incrementado com um espelho d'água envolto por uma cortina de vidro.
Casa Alvar Aalto em Helsinque – Finlândia
Um dos nomes mais lembrados quando o assunto é arquitetura moderna, Alvar Aalto teve seus primeiros projetos baseados no Classicismo Nórdico. Em 1936, a casa do arquiteto ficou conhecida por unir design minimalista, curvas suaves e muita madeira.
A inspiração na arquitetura nórdica aparece na forma de grandes aberturas de vidro para a entrada de luz, uso de cores claras e decoração simples. O verde também tem destaque e pode ser visto nos ambientes internos e no jardim da residência.
Atualmente, a residência faz parte do Museu Alvar Aalto, um espaço dedicado a exibir obras e outras criações do renomado arquiteto finlandês.
Conclusão
Assim como muitos outros estilos, a Arquitetura Nórdica pode e deve ser aproveitada na concepção de ambientes para outras regiões do mundo. A qualidade desse trabalho vai depender do conhecimento do arquiteto responsável pela obra e também das adequações feitas por ele durante o planejamento do projeto.
Se você gostou das dicas, que tal usá-las como ponto de partida nas próximas propostas? Lembre-se de que as referências servem exatamente para isso: inspirar e estimular a criatividade que existe na mente de cada profissional da arquitetura.