O Irã é famoso por sua arquitetura tradicional, com prédios de formas estruturais aparentes, mosaicos de azulejos e vitrais coloridos. Porém, grande parte dessa arquitetura está se perdendo com a construção cada vez mais acelerada e inspirada em projetos ocidentais.
É comum a demolição desses prédios para dar lugar a outros que também serão derrubados depois de alguns anos, desvalorizando o trabalho de artesãos e negando o valor histórico das construções de casas com centenas de anos.
A arquitetura do país vem passando por mudanças e a tradição está cada vez mais reduzida a sítios históricos ou algumas edificações antigas. Por isso, neste post vamos falar das características típicas da arquitetura iraniana e o que faz com que ela seja tão única. Continue lendo e conheça melhor esse país!
O uso constante das formas geométricas
Na arquitetura iraniana, a sustentação e a aparência se misturam. As paredes são ornamentadas de acordo com o formato dos tijolos e adobes (um tipo de tijolo feito de terra) usados para fazer a estrutura do prédio.
As formas retangulares estão bastante presentes, tanto por dentro quanto por fora, assim como os tons terrosos que vêm do próprio material utilizado.
Em alguns casos, o revestimento é feito passando uma fina camada de gesso por cima dos tijolos, dando o aspecto de que as formas foram esculpidas na parede.
Mesquitas, principalmente, recebem adornos mais elaborados feitos com pequenos azulejos coloridos que geram desenhos geométricos no teto e nas paredes.
Os formatos se inspiram muito em mandalas e outros padrões. Eles podem parecer um traço único e contínuo, mas, olhando de perto, é possível ver que cada peça foi colocada ali separadamente e tem um pequeno rejunte ao redor.
Os azulejos são cortados e encaixados um por um para formar esses belos padrões que hipnotizam qualquer pessoa. É possível encontrar essas estampas em vitrais de portas e janelas e nas áreas internas de alguns edifícios — principalmente os mais antigos, que prezam a arquitetura iraniana tradicional.
O contraste entre as cores nas paredes
Apesar da predominância de tons terrosos nas obras feitas em tijolos e adobes, os azulejos e vitrais coloridos roubam a cena em famosos sítios históricos e turísticos. Alguns lugares são conhecidos apenas pelas cores, como a Mesquita Rosa e a Mesquita Shah.
As combinações de tonalidades são muito interessantes e usadas até hoje. Rosa, amarelo e vermelho que predominam na Mesquita Rosa ou o azul e amarelo da Mesquita Shah reproduzem padrões que chamam a atenção dos turistas e servem de inspiração para projetos arquitetônicos contemporâneos.
A mistura entre simplicidade e complexidade
As estruturas que dão forma aos desenhos nas paredes são simples, por incrível que pareça. Os artesãos iranianos souberam muito bem utilizar suas habilidades para fabricar lindos murais feitos apenas de madeira, ou criar entalhes complexos usando métodos descomplicados de escultura para fazer fileiras e fileiras de desenhos iguais, todos à mão.
Os padrões intrincados que adornavam as janelas antes de existirem os vitrais eram feitos com pequenas varetas esculpidas exatamente para caberem dentro do desenho e ficarem fixas usando apenas os encaixes.
Os adobes criam padrões complicados que servem de base para a confecção dos mosaicos de azulejo. Isso mostra como a geometria estrutural desempenha um papel importante na decoração.
Em vez de cobrir o prédio com madeira ou acabamentos de massa, mais comuns no ocidente, os arquitetos evidenciavam a estrutura e deixavam que o formato das edificações fosse visto por dentro.
Usar os tijolos de adobe é uma das formas mais baratas de construir. Os blocos de areia e cimento podem ser feitos com a matéria-prima do próprio local onde a obra será feita, economizando em vários sentidos. Eles ainda trazem cor, não precisam de nenhum tipo de revestimento e mantêm uma temperatura agradável no interior do ambiente.
Oito obras famosas que você precisa conhecer
1. Mesquita Shah, em Isfahan
É um dos pontos turísticos mais famosos da cidade de Isfahan e um dos únicos monumentos arquitetônicos que aparecem em guias de viagem. A mesquita é tão importante para o país que é considerada Patrimônio da Humanidade da UNESCO, e está estampada no verso da cédula de 20 mil riais iranianos.
2. Ponte Khaju, em Isfahan
Na mesma cidade, é possível encontrar essa ponte que já serviu de represa e espaço para reuniões públicas, onde os moradores podiam sentar para conversar enquanto colocavam seus pés na água do rio Zayanderud. No entanto, o volume de água que passa embaixo dessa ponte hoje é mínimo, devido à usina hidrelétrica que foi construída em 1972.
3. Palácio Ali Qapu, em Isfahan
O palácio, construído em etapas, foi projetado inicialmente para ser um pequeno salão em formato de cubo, mas acabou sendo estendido até se tornar um palácio.
Durante a dinastia Safavid, ele foi usado pelo Shah Abbas para entreter seus convidados, explicando cada detalhe da rica decoração no seu interior.
4. Mesquita Nasir ol Molk, em Shiraz
Também conhecida como Mesquita Rosa, ela é rica em vitrais coloridos, principalmente nas cores rosa, amarelo e vermelho. Durante a manhã, a luz do sol incide formando belíssimas formas geométricas no chão. Vale a pena acordar cedo para curtir a tranquilidade e poder apreciar com calma os desenhos dos vitrais.
5. Casa Qavam, em Shiraz
Saindo da Mesquita Nasir ol Molk, é possível caminhar até o próximo lugar histórico e símbolo da arquitetura iraniana, a Casa Qavam. Ela é recheada de mosaicos refletivos e espelhos com diferentes tipos de entalhe. O prédio foi terminado em 1886 e mostra como a arquitetura iraniana pode ser bastante diversificada utilizando apenas materiais locais.
6. Persépolis, em Shiraz
Persépolis, que significa literalmente a cidade dos persas, fica a 60km de distância de Shiraz e é um enorme sítio histórico com ruínas de dois palácios, jardins e o que acredita-se ser o mausoléu de Ciro, o Grande.
Na entrada da cidade, fica o Portão de Todas as Nações, um salão de 25 metros quadrados sustentado por quatro colunas que contam um pouco a história dos persas.
Ali, há escrito em três idiomas diferentes que Xerxes, o rei do império, havia mandado construir aquele portão.
A cidade que servia como capital para o Império Persa foi destruída em uma invasão de Alexandre, o Grande, da Macedônia. Ele e seu exército saquearam e depois atearam fogo à região, deixando apenas as suas ruínas, que foram redescobertas em 1930.
7. Naqsh-e Rustam Necropolis, em Shiraz
Grande mausoléu esculpido em montanhas de terra, eles também foram saqueados por Alexandre, o Grande, mas isso não prejudica a grandiosidade dos entalhes feitos ao ar livre e que se mantiveram firmes por milênios.
8. Palácio Golestan, em Teerã
Formado por 17 edificações ligadas por jardins, o palácio mostra todo o potencial decorativo da arquitetura iraniana. A maioria dos prédios foi erguida durante a Dinastia Qajar, de 1797 até 1834. Alguns dos edifícios foram destruídos na década de 20 do século passado para dar lugar a construções mais novas.
E aí, já está preparando as malas para ir ver de perto a arquitetura iraniana? Compartilhe este conteúdo nas redes sociais para que mais pessoas conheçam esse país incrível e seus monumentos históricos!