01.12.2017
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Inspirada no formato orgânico das dunas de Natal, RN, a poltrona Duna, do Estúdio Mula Preta venceu o A’Design Award e o Good Design Chicago, em 2013. Imagem: Divulgação.

Arquitetura em mínima escala

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01.12.2017
Diversos hypes da arquitetura contemporânea encontram tempo em suas agendas, permeadas por obras de pequeno, médio e grande porte, para uma aventura na menor escala, a do objeto. E não é hobby, é business!
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Desenhar na escala do objeto sempre foi considerado atividade acessória, lateral, por boa parte dos profissionais de arquitetura. Com exceção daqueles que, apesar da formação como arquitetos, dedicaram seu suor majoritariamente ao design – como Sérgio Rodrigues, Carlos Motta e, mais recentemente, Paulo Alves –, a maior fatia dos profissionais de arquitetura atuantes costuma se dedicar à edificação ou reforma.

O banco Marquesa, de Oscar Niemeyer, hoje disponível apenas em raras boutiques de design vintage e original. Imagem: Divulgação.
O banco Marquesa, de Oscar Niemeyer, hoje disponível apenas em raras boutiques de design vintage e original. Imagem: Divulgação.

Historicamente, há casos episódicos, como as criações da Long Chaise Rio, Easy Chair e o Banco Marquesa, de Oscar Niemeyer; as cadeiras Girafa e Frei Egídio, projetadas por Lina Bo Bardi, Marcelo Ferraz e Marcelo Suzuki, depois incorporadas à coleção de arquitetura e design do Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMA); o mobiliário de papelão ondulado criado por Frank Gehry; ou as peripécias de Zaha Hadid, com suas lanchas, sapatos e uma linha de tênis encomendada por Pharrel Williams para a Adidas, reiventando a biqueira icônica da marca ao incorporar suas inconfundíveis linhas sinuosas e facetadas ao design do calçado.

Easy Chair e Banco Alta, também criações de Oscar Niemeyer. Imagem: Divulgação.
Easy Chair e Banco Alta, também criações de Oscar Niemeyer. Imagem: Divulgação.

Apesar do raro reconhecimento a essa atividade, outros ícones brasileiros já se dedicaram ao desenho industrial: Ruy Ohtake, que retomou a atividade após duas décadas – um grande hiato entre a concepção de móveis, como a mesa Origami Circular e a recém-lançada poltrona Duas Voltas; Isay Weinfeld, que tem mobílias com sua assinatura à venda sob marcas como Etel Interiores e Herman Miller; e Arthur Casas, que recentemente entregou a Mesa Esquadro para a marca Glass11.

As cadeiras Girafa e Frei Egídio, de Lina Bo Bardi, Marcelo Ferraz e Marcelo Suzuki: incorporadas ao acervo do MoMA. Imagem: Divulgação.
As cadeiras Girafa e Frei Egídio, de Lina Bo Bardi, Marcelo Ferraz e Marcelo Suzuki: incorporadas ao acervo do MoMA. Imagem: Divulgação.

Casas, por sinal, foi um dos precursores desse novo momento dos ‘arquitetos-designers’, o de produção em escala industrial. Na última década, imprimiu sua assinatura em diversos tipos de produtos – de cobogós a mobiliário –,tornando essa uma importante fonte de faturamento para seu escritório. A escala do objeto, encarada geralmente como diversão, pode se tornar um negocio além do conceitual, do prêmio, e virar fonte de lucro.

“Quais os tamanhos ideais para armazenar essas coisas?” A pergunta de Isay Weinfeld resultou na linha Domino, para a Herman Miller, com módulos de acordo com a necessidade atual. Imagem: Divulgação.
“Quais os tamanhos ideais para armazenar essas coisas?” A pergunta de Isay Weinfeld resultou na linha Domino, para a Herman Miller, com módulos de acordo com a necessidade atual. Imagem: Divulgação.

Recém-laureado no 31º Prêmio Design Museu da Casa Brasileira, Marcio Kogan – junto com Mariana Ruzante e Diana Radomysler – tem sua torneira UP&DOWN vendida em lojas físicas e virtuais pela CEA, além de uma família de objetos disponível na When Objects Work. Em parceria com Paulo Alves, os premiados arquitetos do FGMF criaram uma linha de cadeiras e banquetas chamada Farofa, harmonizando design, conforto, resistência e um preço acessível, uma receita certa para obter bons resultados. Felipe Bezerra,  em parceria com o designer André Gurgel, criou o estúdio Mula Preta, que coleciona exposições e prêmios no Brasil e no mundo.

Vencedora do 31º Prêmio Design MCB, a torneira UP&Down do studio mk27 confere inovação sobre o produto tradicional, ao permitir rotação da fonte de água - para beber ou enxaguar a boca -, e com acabamento em tecnogel. Imagem: Divulgação.
Vencedora do 31º Prêmio Design MCB, a torneira UP&Down do studio mk27 confere inovação sobre o produto tradicional, ao permitir rotação da fonte de água - para beber ou enxaguar a boca -, e com acabamento em tecnogel. Imagem: Divulgação.

Numa geração abaixo, novíssimos escritórios já se aventuram no design, como o Intrio Arquitetos e o banco Andaime, ou a gaúcha Camila Thiesen com sua linha MiniMe, conjunto de mesa e banco infantis com dupla função: além de acomodar os pequenos usuários, também serve como quadro negro.

Arquitetura em mínima escala
A linha Farofa, parceria do FGMF com Paulo Alves, une o desenho delicado e orgânico da madeira ao aço de caráter industrial e preciso. Imagem: Divulgação.

A formação em arquitetura permite o trabalho em diversas escalas. A mínima, por ora lateral, tende a se tornar cada vez mais paralela no mundo colaborativo em que vivemos, ao agraciar a sociedade com detalhes para uma vida melhor e incrementar a multidisciplinaridade da atividade. Além de ser bom, pode ser business.

Arquitetura em mínima escala
Do Metropolitano Arquitetos, a jovem Camila Thiesen desenhou a MiniMe, peça com dupla função - mesa e quadro negro -, com visual limpo e seguro para crianças. Imagem: Divulgação.
Arquitetura em mínima escala
Zaha Hadid para Adidas: reinvenção da biqueira icônica da marca com suas inconfundíveis linhas sinuosas e facetadas impressas ao design do calçado. Imagem: Divulgação.
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Fernando Mungioli
Colunista
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Fernando Mungioli é proprietário e Publisher da Arco Editorial, editora especializada em arquitetura e...

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