A arquitetura desconstrutivista é um dos estilos mais importantes do século 20 por ter colocado em xeque conceitos vistos como regras até então, como a harmonia, unidade e estabilidade.
Não é por acaso que a estética desconstrutivista causa estranheza num primeiro momento. Junto desse estranhamento, o estilo carrega uma boa dose de originalidade e aspectos futuristas.
Isso explica por que os grandes nomes da arquitetura desconstrutivista são considerados figuras excêntricas e ao mesmo tempo visionárias.
Ficou curioso para saber mais sobre o assunto?
Continue lendo para conhecer as características desse estilo arquitetônico, sua origem, influências e as obras mais simbólicas!
O que é a arquitetura desconstrutivista e como o estilo surgiu?
A arquitetura desconstrutivista tem uma ligação íntima com a filosofia. Nos anos 1980, quando o estilo ganhou espaço, o filósofo Jacques Derrida estava propondo reflexões sobre as crenças relacionadas à lógica e à razão.
A partir disso, difundiu a ideia de que as coisas mudam de significado com o tempo e com as percepções de cada momento. Assim, começou a romper com o olhar negativo em torno do que é excêntrico, estranho ou que sai do comum.
Esse pensamento se refletiu no mundo físico. Alguns arquitetos começaram a enxergar os edifícios como verdadeiras obras capazes de provocar sensações, além de um desconforto produtivo, que gera reflexão.
Com isso, as construções transcendem sua função meramente funcional.
E começaram a ganhar aspectos estranhos até então, como formas não lineares, distorcidas, fragmentadas e desequilibradas. Ou seja, rompeu com as regras e formas da arquitetura moderna e de sua estética simplificada.
Mas isso não quer dizer que a arquitetura desconstrutivista recuse totalmente aspectos tanto do modernismo quanto de outros movimentos artísticos.
Na verdade, ela se mostrou capaz de interagir com outros estilos, sem deixar de colocar como prioridade sua subversão bem como as influências da filosofia de Derrida.
Conheça alguns dos principais arquitetos desconstrutivistas e seus projetos
Para entender a proposta da arquitetura desconstrutivista, nada melhor do que conhecer mais sobre as obras e as mentes criativas por trás delas.
Frank Gehry
Frank Gehry é um arquiteto desconstrutivista canadense visionário. Ficou conhecido pelos seus projetos grandiosos que misturam arte com arquitetura de forma singular.
“A vida é caótica, perigosa e surpreendente. Os edifícios devem refletir tudo isso” é uma frase que revela como o arquiteto pensava para criar suas obras.
Marcados pela inovação, criatividade e peculiaridade, os projetos de Frank Gehry têm características que parecem desafiar as leis da física.
Um ótimo exemplo é a Casa Dançante em Praga, na República Checa. Foi construída com 99 painéis de concreto com dimensões e formas diferentes. O resultado é um efeito de movimento que remete a uma dupla de dançarinos.
Mas o projeto que fez Frank Gehry receber o Prêmio Pritzker, a maior condecoração da arquitetura, em 1989, foi o Walt Disney Concert Hall. A construção abriga uma casa de espetáculos em Los Angeles, nos Estados Unidos.
Zaha Hadid
Mais do que uma arquiteta desconstrutivista de destaque, Zaha Hadid foi a primeira mulher e a primeira pessoa árabe a receber o Prêmio Pritzker. Seu trabalho exuberante também a fez receber outras premiações ao longo de sua vida.
A Estação Funicular de Hungerburgbahn, na Áustria, que conecta a cidade de Innsbruck com as montanhas, é um dos seus projetos de maior destaque. Foi construída com painéis de vidro de dupla curvatura que resultam em formas excêntricas.
Inspirado na fluidez da água, o Centro Aquático de Londres é mais uma das obras de arquitetura desconstrutivista de Zaha Hadid. Projetado para as Olimpíadas de 2012, o edifício foi pensado especialmente para abrigar diversas modalidades aquáticas.
Peter Eisenman
O arquiteto americano Peter Eisenman é considerado o percursor da arquitetura desconstrutivista.
Foi o responsável pela criação da Cidade da Cultura da Galiza, em Santiago de Compostela, na Espanha. Mais do que um complexo arquitetônico, funciona como um espaço de conservação do patrimônio cultural e de produção de conhecimento.
Tanto essa quanto outras obras do arquiteto são marcadas pela fragmentação das formas.
Os edifícios que fazem parte do complexo têm estrutura em concreto e aço, além de linhas curvas que conversam com o terreno da cidade. E o uso de revestimento em pedra remete ao passado medieval da região.
Outro projeto famoso no mundo inteiro, criado por Peter Eiseman, foi o Memorial aos Judeus Mortos da Europa, em Berlim, um memorial para os judeus vítimas do Holocausto.
Trata-se de uma área de 19 mil m² composta por mais de 2.700 blocos de concreto, de diferentes dimensões. Ao andar por meio deles, o visitante tem uma sensação de intranquilidade e desordem, intencionalmente criada para remeter à perda da razão humana.
Daniel Libeskind
Nascido na Polônia, o arquiteto Daniel Libeskind se naturalizou americano, viveu em vários países e ficou consagrado como um dos nomes da arquitetura desconstrutivista e contemporânea.
As formas geométricas e imprevisíveis são as principais características de suas obras, que conversam com a rigidez do modernismo. Também são marcadas pelo uso do vidro e aço, materiais associados ao futurismo.
Um dos projetos mais famosos de Daniel Libeskind é o One World Trade Center, o primeiro edifício no local antes ocupado pelas Torres Gêmeas e o mais alto de Nova York, com 542 metros de altura.
Embora tenha surgido há algumas décadas, a arquitetura desconstrutivista segue estimulando reflexões por meio de obras grandiosas em diversas partes do mundo. E também inspirando arquitetos atraídos pelo questionamento de conceitos e pela inovação.
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