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Albânia: o país que possui mais de 100 mil bunkers

Em uma tarde de verão quando eu atravessava o país na sua principal rodovia, retornando das praias do sul com sentido à Tirana – capital da Albânia, deparo-me com os inúmeros bunkers espalhados pelas colinas. A quantidade das construções me chamou muito a atenção, e foi aí que resolvi fazer uma pesquisa aperfeiçoada para dividir essa curiosa história com vocês.

Os pequenos bunkers no litoral do país (Foto: Luiza Vegini)
Os pequenos bunkers no litoral do país (Foto: Luiza Vegini)

 

Os pequenos bunkers no litoral do país (Foto: Luiza Vegini)
Os pequenos bunkers no litoral do país (Foto: Luiza Vegini)

Construídos por todo o país em 1970 - quando a Albânia ainda estava sob o domínio comunista e era pouco conhecida pelo mundo - os bunkers acomodam em média 2 pessoas e são construções acinzentadas feitas em concreto.

Corredores que conectavam os grandes bunkers (Foto:  philippe.hemmel )
Corredores que conectavam os grandes bunkers (Foto:  philippe.hemmel )

Enver Hoxha, chefe do governo comunista, comandou a Albânia no pós-guerra, por um período de 40 anos. Seu regime era completamente severo e brutal. Convencido de que diversos países como a antiga Iugoslávia, a Grécia e seus ex-aliados da União soviética, queriam invadir seu país, Hoxha deu aval à construção dos inúmeros bunkers que estão distribuídos desde o interior até praias paradisíacas e desertas, passando por montanhas, vales, e praças. Cada Bunker teria custado o equivalente a um apartamento de dois quartos, e sua construção, sem dúvida, ajudou a transformar a Albânia em um dos países mais pobres da Europa naquele tempo.

Esses abrigos subterrâneos fazem os cidadãos se recordarem de um passado doloroso e difícil. No entanto, os albaneses, engenhosos por natureza, estão lançando um roteiro dos bunkers, dando uma nova vida as pequenas ‘’cavernas’’, como restaurantes, bares, cafés e até museus.

Parte interna de um dos principais bunkers da Albânia (Foto: Albinfo)
Parte interna de um dos principais bunkers da Albânia (Foto: Albinfo)

Em vez de investir em educação e desenvolvimento econômico, o regime adotou recursos para se isolar. No entanto, a Albânia pós-comunista provou estar pronta para adotar intervenções ousadas para lidar com este legado arquitetônico, preservando a sua herança e usando formas inovadoras para torná-los ativos.

Bunkers sendo utilizados como museus (Foto: aXeLuS)
Bunkers sendo utilizados como museus (Foto: aXeLuS)

Os mais importantes deles, foram transformados em dois grandes museus. O primeiro, Bunk’art 1, nos arredores de Tirana, oferecia proteção contra um possível ataque nuclear e as suas dimensões são tão grandes que abrigava um anfiteatro para que os governantes pudessem se reunir em caso de perigo. Com um total de 3.000 metros quadrados e cinco andares abaixo do nível da terra, foi inaugurado em 1978 pelo ditador comunista e transformado em museu no ano de 2016. O Bunk’Art 1 é uma espécie de palácio subterrâneo com mais de cem divisões (incluindo aposentos para Enver Hoxha). Hoje o lugar está cheio de memórias, instalações artísticas, fotografias, intervenções de arte e som.

Parte interna do Bunk'art 1, corredores que conectam as salas (Foto: Edwin Lugtenburg)
Parte interna do Bunk'art 1, corredores que conectam as salas (Foto: Edwin Lugtenburg)

Já o Bunk’Art 2, no centro de Tirana, possui 1.000 metros quadrados e está localizado nas vizinhanças do Ministério de Administração Interna. Com 24 quartos, hoje também é utilizado como museu.

Bunk'art 2 no centro de Tirana (Foto: Albinfo)
Bunk'art 2 no centro de Tirana (Foto: Albinfo)

Gostaram do post? Os bunkers fazem parte das paisagens albanesas e apesar de serem construções que recordam tempos difíceis, hoje estão sendo utilizadas para trazer vida à história do país. Bunk’art é com certeza uma visita imperdível e uma incrível experiência para entender um pouco mais sobre o governo comunista que fez a Albânia se fechar para o mundo durante tantos anos.

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