Sydney ganha o seu primeiro Ace Hotel em prédio histórico
Uma das redes de hotéis mais antenadas quando o assunto é décor e arquitetura, o Ace Hotel inaugurou a sua primeira unidade em Sydney, na Austrália.
A mesma marca tem outros exemplares espalhados pelo hemisfério norte de mesma proposta descolada, com assinatura de profissionais como Kengo Kuma (em Kyoto) e o escritório Roman and Williams (no Brooklyn).
Muito aguardado, e com projeto de interiores do escritório Flack Studio, de Melbourne, o Ace Hotel Sydney está repleto de referências ao país. Isso se manifesta até na paleta de cores, que varia entre tons terrosos e quentes, inspirada nas paisagens desérticas da Austrália, e em obras do artista aborígene Albert Namatjira.
Com 257 quartos, o hotel está situado em um edifício centenário chamado Tyne Building, onde funcionava uma fábrica de tijolos. O material é revisitado nos interiores e aparece com frequência como um revestimento cru nas paredes. Logo na recepção, formando o balcão de concierge, há também tijolos tingidos em diferentes cores, em obra assinada pelo designer neozelandês James Lemon.
Outra fonte de inspiração para esse projeto, segundo o Flack Studio, foi o livro The Australian Ugliness, do arquiteto australiano Robin Boyd, com referências a uma estética dos subúrbios australianos dos anos 1960 e 1970.
A coleção de arte contou com curadoria fixa do Flack Studio e tem obras de australianos, como os pintores Tony Albert, Sydney Ball e Karen Black, e o escultor Glenn Barkley.
Os quartos possuem diferentes opções de tamanho e necessidades, como Small, Medium, Medium Plus, Large e Ace Suite, o maior, que pode acomodar casais ou até grupos. Esse formato tem 78 m², vista da cidade, cama king-size, living, bar e cozinha personalizáveis, além de mesa de jantar, closet e espreguiçadeiras. Há ainda violão e toca discos, que dão o charme descolado típico da rede.
O restaurante e bar no 18º andar, com vista panorâmica da cidade, é o Kiln, todo decorado por Fiona Lynch, designer com base em Melbourne. Para esse projeto, ela se inspirou em obras dos anos 1970 do arquiteto naturalizado australiano Enrico Taglietti.
Logo na entrada, os hóspedes são recebidos com uma mesa de concierge de alumínio com acabamento feito à mão. O Kiln tem duas áreas de jantar, dois bares, lounge e espaço no terraço com teto retrátil.
Segundo o escritório de Lynch, quase todos os materiais usados para o projeto foram adquiridos localmente, como pedras situadas no bar e pisos, além de uma variedade de madeiras australianas.
Um dos destaques foi o reaproveitamento de resíduos do canteiro de obras que, após serem reunidos e triturados, viraram pigmentos que, hoje, colorem cortinas, paredes e caixilhos das janelas, ações feitas em parceria com o Spacecraft Studio.
Já a cozinha liderada pelo chef Mitch Orr é focada em culinária australiana contemporânea e com referências ao Japão e ao Sudeste Asiático.
No térreo, fica o restaurante Loam, mais descontraído, com cardápios sazonais e regionais e opções de café da manhã, almoço e jantar.
O hotel é mais uma prova de que a valorização da cultura local e resgate de antigas funções de edifícios históricos são prato cheio para o mundo criativo do design.
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