Uma breve história sobre os desfiles de moda
Já parou para pensar como eram os desfiles antigamente e de que maneira eles evoluíram ao longo dos anos? O comportamento das pessoas mudando ao longo do tempo teve diretamente influência na forma como as marcas mostram seus novos lançamentos hoje em dia. Entenda por quê.
Considera-se que os desfiles nasceram na década de 1860 com o designer de moda Charles Frederick Worth (considerado o “pai da alta costura”) ao usar modelos ao vivo invés de manequins para apresentar sua nova coleção em Paris. Com a virada do século, os desfiles se espalharam para Londres e Nova York, mas ainda muito sutil, pequenos eventos somente para compradores onde eram proibidos de serem fotografados por medo dos modelos serem copiados. Somente após a Segunda Guerra Mundial esses eventos passaram a ser abertos ao público, com o objetivo de fazer publicidade e alcançar mais clientes. Porém, foi entre os anos 80 e 90 que os desfiles se transformaram em grandes produções, com efeitos de luz, som e elaborados cenários.
Antes, fotógrafos eram proibidos dentro de desfiles e showrooms, hoje as marcas apelam para influencers usufruindo da disseminação instantânea das mídias sociais para gerar publicidade para marca. Antes, desfiles e showrooms eram pequenos eventos privativos para poucos compradores, hoje tornaram-se grandes espetáculos, fazendo parte do business das marcas, no qual investem-se milhões de dólares. Antes, os clientes precisavam esperar uma temporada para comprar as roupas vistas no desfile, hoje podem comprar ao mesmo tempo que o desfile está acontecendo.
O mundo vai mudando e com ele a percepção das marcas e consumidores também. É interessante ver essa mudança e adaptação no design e nas cenografias. Hoje, para gerar impacto, os desfiles possuem muito mais que apenas modelos e roupas, eles contam histórias através de espetáculos. Desde o design gráfico do convite, passando pelo cenário, mobiliário, localização, até o sistema de luz e som.
Na época em que todas as marcas faziam seus desfiles em uma tenda ao lado do Museu do Louvre, o designer de moda Martin Margiela ignorou essa tradição, fazendo com que as modelos desfilassem em plena rua. A partir daí os desfiles mudaram de curso. Localização é essencial para gerar mais repercussão. Escolher um bom local faz parte do cenário, transportando os convidados à sua experiência. Hoje em dia as marcas até ultrapassam fronteiras para gerar mais impacto e publicidade, como foi o caso da Louis Vuitton em Niterói, no Rio de Janeiro, da Dior e Marrakesh e da Chanel em Havana.
Todo esse contexto cria conteúdo e repercussão para a marca. Alexandre de Betak, fundador da agência Bureau Betak afirma que um cenário de um desfile deve ser desenhado e adaptado para caber na palma da sua mão. Através da tecnologia que a sua audiência possui: um iPhone.
Agora, o que podemos tirar de lição desse exemplo da moda? Que o comportamento de consumo e a tecnologia avança e com eles devemos adaptar-se, inovando cada vez mais para seguir influenciando e se ressaltando no mercado. Mas, como serão reinventadas essas mostras de coleções após a pandemia que estamos vivendo atualmente?
Como mostra um artigo publicado no Archtrends, pesquisadores, arquitetos e outros profissionais do universo do design fazem algumas previsões para a transformação do mundo pós-crise da Covid-19. Li Edelkoort, a pesquisadora de tendências, enfatiza: "De repente desfiles de moda se tornaram bizarros, propagandas de companhias aéreas, ridículas. Pensar em projetos futuros é vago e inconclusivo. Será que vai sequer importar?”.
Será então que estamos vivendo a próxima evolução nessa história da moda? Como fazer para se destacar e continuar ganhando influência com essas mudanças? Como serão apresentados os desfiles presenciais nos próximos tempos? Queremos saber também a sua opinião!
A pandemia com certeza acelerou o processo de digitalização desses eventos, e sinto que algumas marcas se destacaram por não apenas se adequarem ao momento, e sim utilizarem desse episódio atípico para explorar novas formas de comunicação. Ponto para elas.